Balanço
SP–Arte Viewing Room 2021
Segunda edição do SP–Arte Viewing Room aponta fortalecimento do digital e crescimentos de novos públicos
A segunda edição do SP–Arte Viewing Room, evento que ocorreu entre os dias 9 e 13 de junho no site da SP–Arte, reuniu 120 expositores entre galerias de arte e design expoentes no mercado nacional, editoras e projetos artísticos independentes, com mais de 2 mil obras de artistas de gerações, nacionalidades e pesquisas diversas. Os números de acessos do Viewing Room ratificam o fortalecimento do digital e do crescimento de novos públicos, visto que nesta edição, 81,5% dos visitantes eram novos usuários, oriundos de regiões diversas.
Simultaneamente ao evento digital, a SP–Arte, em parceria com a ABACT – Associação Brasileira de Arte Contemporânea -, e com o patrocínio do Iguatemi, promoveu, entre os dias 8 e 12 de junho, o Gallery Week, circuito de eventos presenciais nas galerias, realizados de acordo com protocolos e medidas de segurança, com número de visitantes limitado e mediante agendamento.
A programação contou com cerca de 35 ações presenciais gratuitas, entre as quais, as visitas guiadas ao ateliê do designer Rodrigo Silveira e à mostra Rafael França: Réquiem e vertigem, da Galeria Jaqueline Martins (São Paulo); aberturas de exposições como Dionísio Del Santo: Construtivismo imagético, na Dan Galeria, Real, Fake na Lume (São Paulo), Casa Família Deleite, individual de Rafael Carneiro na Luciano Brito Galeria; dentre outras.
Além disso, o Viewing Room também fomentou atividades digitais dos expositores, como lives, conversas online e visitas guiadas virtuais. Acessíveis a diversos públicos, gratuitas e variadas, as atividades em torno da feira cumpriram também seu papel educativo e inclusivo, tanto socialmente como profissionalmente, possibilitando o acesso ao mercado de trabalho para novos artistas e profissionais do setor. O Pequeno Colecionador (São Paulo), grupo formado por Artur Lescher, Mariane Klettenhofer e Paula Azevedo, apresentou em suas redes sociais propostas de brincadeiras por meio da arte. Da agenda de conversas com artistas e outros profissionais das artes visuais, ocorreram atividades como o ciclo de entrevistas apresentado pela Vivo com artistas e curadores da exposição Enciclopédia Negra, em cartaz na Pinacoteca de São Paulo, a conversa com Vilma Eid, José Spaniol e Paulo Pasta promovida Galeria Estação (São Paulo) e diversos outros.
Arte
Há quase duas décadas, a SP–Arte, principal feira de arte da América Latina, reúne os mais renomados artistas do circuito ao lado de jovens talentos. Na versão digital do evento não é diferente.
A Bergamin & Gomide (São Paulo) marcou presença na feira com um projeto expositivo que colocou, lado a lado, artistas históricos e contemporâneos. A galeria realizou a venda de quatro obras de Francisco Brennand, entre elas a tela Frutos de Verão III, com faixa de preço de R$250 mil a R$500 mil, e também a tela Cadeira, de Iberê Camargo, cuja faixa vai de R$150 a R$200 mil. Também assídua no evento, a Pinakotheke (São Paulo) exibiu um recorte da abstração informal no Brasil, destacando artistas expoentes que obtiveram relevância não só no país, mas também no exterior, especialmente em Paris nos anos 1950 e 1960, como Bruno Giorgi, cuja escultura Integração, da faixa de R$ 200 a R$ 250 mil, foi comercializada pela galeria no evento.
A Fortes D’Aloia & Gabriel (São Paulo) reabriu as portas, de forma digital e física, de seu novo espaço, o Galpão sediado no bairro da Barra Funda, em São Paulo, com uma seleção de trabalhos de alguns dos artistas representados. Entre os destaques, estão obras inéditas de Iran do Espírito Santo e Leda Catunda. Do primeiro, foram exibidos desenhos feitos a partir de módulos retangulares repetitivos, precisos e sempre em preto, e de Leda, foram expostas obras como Línguas Rosa II, um exemplo de como a artista elabora formas complexas que aludem à natureza e ao corpo humano. Trabalhos de ambos os artistas, entre outros da galeria, foram vendidos ao longo do Viewing Room.
A Kogan Amaro (São Paulo/Zurique) trouxe à feira um projeto solo do artista José Rufino, um dos novos representados pela galeria. A diretora da galeria, Marlise Corsato, comenta o evento: “a SP–Arte é sempre o grande evento das artes em São Paulo. Também participamos do Gallery Week, onde promovemos uma visita guiada à exposição de Bruno Miguel na galeria em dois formatos, virtual – ao vivo -, e presencial, tentando assim, atingir mais visitantes que optaram por permanecer em suas casas. É uma adaptação contínua aos novos tempos”.
A galeria HOA (São Paulo) apresentou durante a feira a exposição Aqui te chamo y mantenho. “Participar da edição de 2021 da SP–Arte Viewing Room foi uma grande alegria, tivemos resultados bem surpreendentes. Acredito que para uma jovem galeria que nasceu na Feira, participar dessa segunda edição trouxe mais consistência para o nosso trabalho, o que atraiu ainda mais colecionadores, curadores, instituições e amantes da arte em geral”, conta Igi Lola Ayedun, fundadora da galeria, que inaugurou seu espaço físico durante a Feira. A galeria contabilizou bons resultados durante os cinco dias de evento, com vendas de obras de jovens artistas como Larissa de Souza e Laís Amaral. “Nós tivemos uma performance de vendas maior do que na temporada passada, vendemos mais de 50% do nosso estande. Agora, estamos super animadas para agosto!”.
Bianca Boeckel (São Paulo) vendeu cerca de 50% de seu estande virtual no SP–Arte Viewing Room, além de algumas obras que estavam expostas fisicamente na galeria. “Em relação ao evento do ano passado, não tive tantos novos contatos, no entanto, essas portas que se abriram em 2020 renderam frutos este ano, seja com a volta desses clientes ao ambiente físico e digital da galeria, seja com a venda de trabalhos.” A expositora integrou também a programação do Gallery Week, com a abertura das exposições individuais dos artistas Marcelo Tolentino e DJ Papagaio. “Uma estratégia muito forte nesse período de transição é a possibilidade das pessoas visitarem fisicamente aquilo que está exposto no digital. Isso ajuda a amplificar as oportunidades de venda e contato. Além disso, o Gallery Week nos trouxe uma boa sensação de volta gradual à normalidade, uma forma segura de estarmos juntos e com a mesma energia em prol do desenvolvimento do nosso mercado de arte”.
Anita Kuczynski, da Paulo Kuczynski Escritório de Arte (São Paulo), a participação no evento superou as expectativas. “Nosso desempenho na feira foi acima das expectativas, vendemos algumas das obras mais importantes de nosso Viewing Room”, afirma a galerista.
A Galeria Nara Roesler (São Paulo) apresentou durante a Feira virtual um projeto dedicado ao artista cubano Marcos A. Castillo, acompanhada da exposição ‘Propiedad del Estado’, primeira individual do artista atualmente em exibição na sede em São Paulo. Alexandre Roesler, um dos diretores da galeria, comenta: “Tanto o projeto online como a exposição na galeria tiveram uma ótima resposta do público. Recebemos mais de 1000 visitas únicas em nosso Viewing Room, estabelecemos novos contatos e realizamos algumas vendas durante o período, o que foi muito positivo. Também participamos do Gallery Week, na qual recebemos uma exposição da galeria Portas Vilaseca, que também foi muito bem recebida pelo nosso público”. O galerista agora anseia pela edição física da SP–Arte, “Embora as iniciativas online sejam muito positivas e necessárias, principalmente no contexto atual, estamos ansiosos e animados para participar da edição física da feira no próximo semestre”.
Design
A SP–Arte foi pioneira no Brasil ao unir os segmentos de arte e design num mesmo ambiente. Desde 2016, quando foi criado o setor de Design na feira, ambas as linguagens convivem com ainda mais proximidade.
A ETEL (São Paulo) levou ao Viewing Room um projeto com curadoria de Lissa Carmona, CEO da marca, que lança luz à trajetória do arquiteto Jorge Zalszupin. Segundo Lissa, “a participação da ETEL na SP–Arte foi excelente. O formato digital amplia os universos e ajuda a expandir a visitação. Nós captamos bem a ideia do Viewing Room e trouxemos um grande projeto à feira: um tributo ao arquiteto Jorge Zalszupin, com uma mostra física e um passeio virtual pela casa em que ele residiu. Tivemos uma repercussão nacional e internacional, conseguimos apresentar a obra de Zalszupin a muitas pessoas que não conheciam seu importante legado”.
Para Claudia Issa, designer e artista à frente da Konsepta (São Paulo), a participação na SP–Arte garante maior visibilidade para sua marca: “Como produzo peças únicas com tiragens bem limitadas, trabalho com a ideia de que minha produção de cerâmica está mais próxima do mundo artístico do que do universo de decoração, por isso, estar na feira é algo muito importante para a construção da minha marca e currículo”. Ao longo do SP–Arte Viewing Room, a Konsepta, além de receber contatos de novos clientes, vendeu quatro peças de séries distintas como Disforma, Volcanic e Pantheon e está com duas negociações em curso.
Gerson de Oliveira, sócio-fundador e design da ,Ovo (São Paulo) conta que chamou a atenção o aumento do número de acessos ao perfil da marca. “Aumentou uns 40% em relação ao Viewing Room do ano passado, isso foi ótimo. Nós apresentamos duas cadeiras inéditas: Paralelas e a versão para crianças da Obi, e tivemos vendas das duas peças. Ainda estamos aguardando confirmações para fechar os números, mas com certeza o balanço foi positivo”, afirma.
Para Ricardo van Steen, da Mobília Tempo (São Paulo), a feira virtual repetiu o êxito da edição passada, “Participamos pela segunda vez e foi o mesmo sucesso. Ao todo, vendemos seis obras, dentre elas, duas para uma grande colecionadora e uma para um galerista. A plataforma digital também foi muito eficiente, possibilitando atender compradores de outros países”, pontua. O designer trouxe ao Viewing Room uma série de peças únicas esculpidas ou fabricadas em ateliê.