A artista Lidia Lisboa (Foto: Henrique Saad)
Entrevista

Vocação, dedicação e respeito: a criação artística de Lidia Lisboa

Marina Dias Teixeira
11 nov 2019, 9h32

Por ocasião do Mês da Consciência Negra, a SP-Arte celebra artistas negras. Em uma série de entrevistas, conversamos com elas sobre sua produção e inserção no sistema de arte contemporânea.

Nossa segunda entrevistada é Lidia Lisboa, artista visual e performática, representada pela Galeria Rabieh. A artista paranaense diz que produz quase compulsivamente e considera seu trabalho “uma criação humana, independentemente da raça ou cor da pele”.

Confira a entrevista na íntegra.

Acima: A artista Lidia Lisboa (Foto: Henrique Saad)

A artista Lidia Lisboa (Foto: Henrique Saad)

A artista Lidia Lisboa (Foto: Henrique Saad)

Vista da exposição "Lidia Lisboa em tramas", com curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Vista da exposição "Lidia Lisboa em tramas", com curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Obra "Tetas que deram de mamar ao mundo", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", com curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)
Obra "Cupinzeiros", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Obra "Tetas que deram de mamar ao mundo", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", com curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Obra "Cupinzeiros", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Vista da exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Vista da exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Quais os desafios de ser uma artista mulher e negra no Brasil?

Lidia Lisboa: É um cenário difícil. Sou mulher, negra, mãe solteira, e sou artista. Meu desafio é ser uma boa artista e ser comprometida com meu trabalho. Acima de tudo, acho importante ter vocação, me dedicar muito e ter profundo respeito pelo meu trabalho. Sempre digo que essa vergonha [o não reconhecimento das artistas negras] não é minha. 

Como se deu a inserção do seu trabalho no mercado de arte?

LL: Sou uma artista que produz quase que compulsivamente. Sofro se não estiver produzindo. As primeiras vendas foram uma consequência da minha grande produção, do meu contato com outros artistas e de frequentar o meio das artes.

Quais são as referências e influências que permeiam a sua obra?

LL: Dentre outras, posso citar como importantes referências para meu trabalho as artistas Louise Bourgeois, Yayoi Kusama, Eva Hesse e, no Brasil, Rosana Paulino, Sonia Gomes e Janaina Barros. Minhas obras também têm influência das minhas vivências e memórias de infância.

Obra "Casulos", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Obra "Casulos", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

"Cicatrizes", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)
Vista da exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

"Cicatrizes", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Vista da exposição "Lidia Lisboa em tramas", curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Obra da série "Chorões (crochês no arame)", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", com curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Obra da série "Chorões (crochês no arame)", na exposição "Lidia Lisboa em tramas", com curadoria de Fabiana Lopes, 2015 (Foto: Gal Oppido)

Curadorias decoloniais vêm ganhando espaço nos ambientes institucionais brasileiros mais tradicionais, como você enxerga isso? Quais caminhos ainda temos que percorrer?

LL: Vejo como uma oportunidade de entrar nas grandes instituições. Acho importante que essas curadorias mostrem os trabalhos que vêm sendo realizados há muitos anos e nem sempre reconhecidos. Espero que ganhemos cada vez mais espaço e notoriedade no mercado das artes. Considero minha obra uma criação humana, independente de raça ou cor de pele. 

Como você vê a importância do circuito artístico fora das galerias e instituições, e como você acha que isso influencia a prática artística?

LL: Ainda temos muito o que aprender e, nesse sentido, o circuito artístico “informal” nos permite trocas de experiências, assim como facilita a exposição de nossas ideias de forma mais livre. Minhas obras não são criadas com uma visão comercial, portanto, ela já é livre dessas influências, mas acho que, de uma forma geral, o circuito fora das galerias e instituições incentiva uma criação mais genuína, despreocupada.

Você tem artistas negras para indicar?

LL: Claro! Sonia Gomes, Rosana Paulino, Janaina Barros, Renata Felinto, Aline Motta, Val Sousa, Sheyla Ayo e Mônica Ventura.


SOBRE A ARTISTA

Lidia Lisboa (Paraná, 1970) é artista visual e de performance, natural de Guaíra, Paraná. Lidia tem formação em gravura em metal pelo Museu Lasar Segall, escultura contemporânea e cerâmica pelo Museu Brasileiro de Escultura (MuBE) e pelo Liceu de Artes e Ofícios. A artista participou de exposições nas galerias Fibra, Central das Artes, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e no Instituto Goethe São Paulo. Seu trabalho foi contemplado com o Prêmio Maimeri 75 anos (1998) e II Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras (2012). Lidia Lisboa vive e trabalha em São Paulo.


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Marina Dias Teixeira é formada em Estudos de Mídia e Cultura pela Universidade de Arte de Londres (UAL). Já integrou as equipes da Fundação Bienal de São Paulo, Sotheby’s Brasil e SP–Arte. Hoje é responsável pela coordenação de projetos da Act, consultoria de arte. Em paralelo, pesquisa teorias decoloniais e a produção de artistas afro-diaspóricos no circuito de arte contemporânea, com foco em mulheres negras. Desde 2020, colabora para a Casa Vogue Brasil, trazendo um olhar atento a artistas negres e sua produção.

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