Editorial
Por que arte é coisa de criança?
11 out 2017, 18h05
Fechar os olhos sob os afrescos da Capela Sistina. Tampar os ouvidos diante da Sinfonia nº 40 de Mozart. Ressignificar os devaneios de Dalí. Não recomendamos que você faça nada disso quando entrar em contato com estas e outras grandes obras-primas criadas ao longo da História da Arte. Todas estas criações partiram de pessoas que desde a infância foram intensamente estimuladas a expressar seus talentos e a conviver com o universo da arte que os cercava. Um mundo onde não seja possível admirar e experimentar estas obras certamente seria bem menos interessante.
Na data em que se comemora no Brasil o Dia das Crianças, vale a reflexão sobre a importância de coexistência e troca mútua entre o universo infantil e a criação artística. O professor de História Contemporânea da Belas Artes e curador do Museu Brasileiro de Escultura (Mube), Cauê Alves, explica que a ideia do artista gênio que nasce com um dom divino é um conceito romântico. O artista é formado através de várias instâncias desde criança. Começa na idade escolar e só se forma como tal em um ambiente livre, onde possa encontrar o seu gesto.
O artista visual e professor do MASP – Museu de Arte de São Paulo, Daniel Jablonski completa: “O quanto antes uma criança entra em contato com a arte, mais provável que ela veja isso como uma possibilidade para a sua vida. Esconder a existência de certas coisas, ou ainda proibir o contato com essas coisas não é preservar as crianças, mas deixá-las descobrir mais tarde sozinhas, sem uma mediação, sem uma interpretação adequada, o que pode terminar por ser muito mais traumático”.
Mas se engana quem acredita que são apenas as crianças que podem se beneficiar ao frequentar museus, ateliês e exposições. A produção artística sobrevive e também ganha muito com este convívio. Um exemplo citado pelo professor Cauê Alves é o de Juan Miró. O escultor e pintor catalão passou a vida procurando desaprender a técnica para alcançar a liberdade dos traços de uma criança.
O prognóstico que Cauê faz levando em consideração as restrições cada vez maiores das crianças ao contato com a arte é bem pessimista. “Tirar a arte dos currículos nas escolas e impedir que as crianças frequentem museus pode provocar a perda irreparável de toda uma geração. A arte é parte da formação humana. Afastar a criança da arte é empobrecer o próprio humano”.
Confira uma lista com a história de grandes artistas que revelaram seus talentos ainda na infância.
Michelangelo
Biógrafos contam que durante a infância gostava apenas de desenhar. Aos 13 anos, por decisão dos pais virou aprendiz de Domenico Ghirlandaio, um importante pintor da época, que formou uma geração de artistas. O primeiro trabalho que se tem notícia sobre o artista é uma escultura intitulada Cabeça de Fauno. Teria sido esta a obra que garantiu a porta de entrada para o definitivo ingresso de Michelangelo no importante rol dos artistas renascentistas.
Mozart
O talento precoce de Mozart chamou a atenção primeiro de seu pai, que abandonou a carreira para excursionar pela Europa exibindo o talento do filho por cortes e teatros. Há registros de composições de Mozart quando ele tinha apenas 5 anos . Aos 6 já dominava com destreza as cordas do violino e começou a escrever sua primeira sinfonia aos 8.
Pablo Picasso
Pablo Picasso iniciou seus estudos formais nas artes plásticas com o pai, que era desenhista e pintor, quando tinha sete anos. Quando tinha trezes anos produziu sua primeira série de pinturas à óleo, que incluía retratos de sua família. Dois anos depois começou a negociar a expor publicamente seus trabalhos em pequena escala.
Edward Hopper
O pintor realista norte-americano, Edward Hopper, gerou comoção na família com a qualidade dos seus desenhos quando tinha só 5 anos. Imediatamente seus pais providenciaram telas, pinceis e tintas para estimular ainda mais o talento do filho.
#respirearte
Mozart foi um precoce na música
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