Balanço
SP–Arte 2023
A 19ª edição da SP–Arte, que aconteceu de 29 de março a 02 de abril no Pavilhão da Bienal, reuniu 168 expositores, entre galerias de arte nacionais, internacionais, estúdios de design, editoras, instituições culturais e espaços autônomos. Com resultados encorajadores e ingressos esgotados já no início do sábado, penúltimo dia de feira, a SP–Arte reafirma seu protagonismo no calendário cultural do próximo ano e realiza, ainda em 2023, a segunda edição de Rotas Brasileiras, entre os dias 30 de agosto e 03 de setembro, na ARCA.
De acordo com grande parte dos expositores, a 19ª SP–Arte veio acompanhada de entusiasmo e boas negociações. Ao mesmo tempo em que possibilitou a realização de novos negócios, aproximando as diversas áreas do mercado, a feira conseguiu, mais uma vez, atrair novos tipos de compradores e colecionadores, confirmando sua importância e credibilidade no mercado nacional. Dos pontos enfatizados pelos expositores, dois se sobressaem: a maior diversidade artística presente no evento e a quantidade de novos clientes e novos públicos que visitaram a feira.
A cada edição o evento antecipa tendências e chama a atenção de novos públicos. Isto ficou ainda mais evidente para os mais de 31 mil visitantes que passaram pelo pavilhão. Entre as novidades desta edição, destaque para o estreante Showcase, setor curado por Carollina Lauriano com o intuito de criar novos pontos de contato entre os diversos públicos que visitam a feira. Intitulado Recuperar paraísos: não precisar do fim para chegar, o projeto reuniu sob a mesma temática 13 artistas espalhados por 13 estandes. A proposta se baseou nas reflexões do pensador martinicano Malcom Ferdinand e questionou, por meio da arte, a separação entre os movimentos sociais antirracistas e as discussões ambientais e ecológicas.
O êxito comercial da feira foi constatado por André Millan, à frente da Galeria Millan: “O sucesso da edição é inegável, a começar pelo público, que evidentemente foi mais eclético e bastante interessado, o que é muito positivo para o mercado”. Millan ainda ressaltou a qualidade da organização da feira e comemorou o bom resultado de seu estande: mais de 25 obras vendidas.
A Gentil Carioca também viu com otimismo a edição. “A feira é sempre importante para pontes, principalmente agora que temos o nosso espaço em São Paulo. Tivemos a oportunidade de reencontrar colecionadores que ainda não conheciam a nova casa e colecionadores presentes nas feiras internacionais”, diz Ton Martins. A galeria trouxe cerca de 50 obras e no sábado, 01 de abril, já havia vendido 23 delas.
A Gomide&Co também comemorou o sucesso. A galeria vendeu, no total, 74 obras, somando mais de R$ 12 milhões. Segundo Thiago Gomide, a 19ª edição foi “animada, com excelente conteúdo e presença de colecionadores preparados, interessados e entendidos do assunto”.
Fernanda Resstom, da Central, concorda. “Este ano a SP–Arte me surpreendeu. Trabalhamos muito, do nascer ao pôr do sol, e toda essa dedicação teve retorno. Vendemos três vezes mais do que no último ano e eu não poderia estar mais feliz com o resultado. Além de aquisições para ótimas coleções particulares, houve também para coleção públicas. Mais de 50% das vendas foram para colecionadores que não estavam no mailing da galeria. Acredito que ainda teremos muito negócios a fazer ao longo dessa semana e mês”.
Para Nico Dantas Rocha, da Asfalto, a estreia da galeria na feira foi acima das expectativas. “Em termos comerciais e institucionais foi muito bom. Conseguimos vender e conseguimos novos clientes, assim como abrir diálogos futuros – nosso principal objetivo como participantes pela primeira vez”.
Mais uma estreante, a francesa Nil Gallery também estava contente com a participação. “Vibrante, surpreendente e autêntica. Percebemos uma cena local de artistas e galerias deslumbrantes, com muitos bons colecionadores”, ratifica Hugo Zeytoun, à frente da galeria.
Para Carmo Johnson Projects as vendas também foram excelentes, acima das expectativas. Foram arrematadas 22 obras de Bruno Novelli, Kaya Agari, Alberto Pitta e MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin).
Para Catarina Duncan, curadora geral do Solar dos Abacaxis, um dos espaços autônomos presentes, a edição estava organizada e fluiu bem. “Sentimos uma ótima recepção do público”, afirma Duncan. O bom resultado foi refletido nas vendas da instituição: no sábado, 01 de abril, a galeria já havia vendido 16 das 30 obras levadas ao evento.
Benjamin Seroussi, da Casa do Povo, declara: “A SP–Arte propicia um momento único de promoção do mercado da arte. Mas é também uma ocasião rara para quem atua na parte não comercial do campo da arte se articular com o mercado, os colecionadores, as galerias e os artistas mais reconhecidos. O nosso estande foi fundamental para isso. Foi por meio dele que durante a feira, a Casa do Povo conseguiu fortalecer seu posicionamento institucional, trabalhar com diversos públicos, e levantar recursos por meio de uma coleção desenvolvida especialmente para a feira em diálogo direto com a história e a atuação da instituição. A gente vendeu tudo no primeiro dia – oito obras foram disponibilizadas para venda de uma série de 12 – e pedimos para [o artista] Rodrigo Andrade nos autorizar a vender mais três obras que ele queria guardar. Todas vendidas, só falta uma. Total arrecadado: R$ 165 mil!”
No setor de design, para a Teo, que neste ano levou para a feira peças produzidas pelos alunos do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o saldo também foi positivo. “A feira alcançou um espaço de importância e destaque no cenário de design. O público presente, de forma geral, é interessado, vem buscar informações. Nós fizemos conexões relevantes”, afirma Teo Vilela Gomes. A marca vendeu 60% da exposição levada ao estande, incluindo a peça mais importante: um armário desenhado por Giuseppe Scapinelli, em madeira caviúna, datado de 1954, manufatura do liceu.
Jacqueline Terpins afirma que a SP–Arte movimenta intensamente o design brasileiro trazendo visibilidade nacional e internacional para o setor. “Estou com três contatos estrangeiros interessados e iniciando negociações”.
Para a ,ovo esta edição foi a melhor que já tiveram em termos de vendas. “A visitação foi boa, encontramos vários de nossos clientes, e também fizemos muitos novos contatos”, diz Gerson de Oliveira, um dos proprietários do estúdio.
“A ETEL teve uma participação excepcional nesta edição, na qual celebramos os 30 anos da nossa coleção, e anunciamos a entrada do grande designer e inventor Percival Lafer ao nosso corpo de designers. A feira surpreendeu não apenas pela quantidade recorde de visitantes, mas também pela qualidade da audiência que a visitou. Durante todos os dias do evento, tivemos a presença de importantes clientes, arquitetos e formadores de opinião. A frequência extremamente qualificada até os últimos minutos de domingo estabeleceu outro patamar de evento para todos nós. Estamos muito felizes por termos escolhido a SP–Arte como nosso palco para essas celebrações”, diz Lissa Carmona.
Mais estúdios de design concordam com a afirmação. Alex Rocca afirma que a SP–Arte é “uma feira potente, democrática e inclusiva.” Rocca diz ter vendido 40% do que levou para a edição. Entre as mais relevantes, foram vendidas peças especiais da série Manto, tapeçarias feitas a partir de resíduos e palhas de seda doadas pela Safira Tecidos e trabalhadas em tear manual.
Para Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora da SP–Arte, o clima pós-edição é de comemoração. “Estamos muito felizes com esta edição para a qual nos preparamos muito trazendo inúmeras mudanças no layout do evento, na ofertas de ilhas de descanso para o público e na programação cultural e educativa. Muito orgulho da minha equipe extraordinária de arquitetura, design, comunicação, produção, curadoria, fotografia e vídeo, por termos realizado uma edição histórica, com recorde de público e de imprensa nacional e internacional”.
Programação
Além disso, a 19ª SP–Arte proporcionou para os visitantes mais curiosos uma verdadeira imersão no universo artístico através de seus programas públicos. O programa de Talks, realizado em parceria com o Iguatemi, reuniu nove artistas em distintas fases da carreira – como Lenora de Barros (Gomide&Co), Alex Cerveny (Millan), Márcia Falcão (Fortes D’Aloia & Gabriel) e Darks Miranda (Projeto Vênus) – e com pesquisas diversas entre si para falar sobre os desafios do ofício. A Arena Iguatemi recebeu mais de cem visitantes ao longo dos três dias de encontros.
Os audioguias se consagram nessa edição do evento com recorde: foram mais de 500 audições em apenas uma semana, preparando a visita antes da chegada ao pavilhão, como também guiando visitantes pela feira. E as visitas guiadas oferecidas gratuitamente pela feira, com os especialistas Ariana Nuala, Henrique Menezes, Ludimilla Fonseca e Winnie Bastian, os mesmos que criaram e narraram os audioguias, foram o hit da edição, completando o número de participantes nos primeiros minutos de inscrição.
Em seu estande, a Vivo, patrocinadora master da feira, promoveu encontros com artistas e visitas guiadas voltadas à temática LGBTQIAPN+ com curadoria de Andrés Hernández e Mirtes Marins e participação André Fischer, Paula Garcia, Rafael RG, Kuenan Tikuna e Erika Palomino.
A Unipar, também patrocinadora master, realizou visitas guiadas com alunos e professores da rede pública de ensino, profissionais da cultura e membros dos CCCS (Conselho Comunitário Consultivo) de Cubatão e Santo André, com o objetivo de impactar positivamente as comunidades residentes no entorno de suas fábricas.
Circuito SP–Arte
Neste ano, a SP–Arte condensou seus programas públicos – Ateliês Abertos, Gallery Night, Gallery Weekend – em um só programa: o Circuito SP–Arte, a programação oficial de eventos que ocorreram entre 18 de março e 02 de abril, antes e durante a realização da SP–Arte. O circuito abarcou todo tipo de atividades promovidas pelas galerias expositoras e por convidados/as: coquetéis, aberturas, conversas, visitas guiadas, ateliês abertos etc., totalizando mais de 100 eventos pela cidade e milhares de participantes.
App SP–Arte
Em cerca de um mês, foram mais de 12 mil downloads do aplicativo SP–Arte, novidade desta edição e o primeiro a ser lançado por uma feira na América Latina. O app organiza todos os eventos que ocorrem durante a feira – lançamentos editoriais, visitas guiadas gratuitas, conversas com artistas – e na cidade durante o Circuito SP–Arte. Todas as atividades podem ser favoritadas e ficam disponíveis na aba “Minha programação”, que se transforma em um roteiro personalizado. No app, o visitante também pode navegar por todas as informações úteis da feira, visualizar o mapa e a lista de expositores, além de receber lembretes sobre a programação. O app é gratuito e está disponível nas versões Android e iOS.
Doações
A Pinacoteca foi agraciada com seis doações de trabalhos que refletem a diversidade da feira: Clara Moreira, Kika Carvalho, Kaya Agari, Fefa Lins, João Alves e Lucia Koch – este último, uma doação do Iguatemi. Já Paulo Herkenhoff, um dos principais curadores do Brasil, liderou pessoalmente durante os cinco dias de feira as doações para o Museu Nacional de Belas Artes.
Patrocínio
A SP–Arte mantém uma estreita colaboração com seus patrocinadores, que compartilham a aspiração de criar uma plataforma global para a troca de ideias que impulsionam o mundo da arte. A SP–Arte conta com o patrocínio master de Itaú, Vivo, Iguatemi e Unipar e patrocínio de Tiffany & Co., Chandon, Mitsubishi, Blue Moon, Amázzoni, Liberty Seguros e Finarte.