Editorial
Nosso ciclo de palestras cresceu! Este ano, o Talks reúne sete encontros com artistas, pesquisadores, curadores e editores envolvidos com fotografia
9 ago 2018, 18h23
Por Julia Flamingo
Já virou praxe: a SP-Arte se importa, e muito, em acompanhar os debates contemporâneos das artes visuais e, por isso, encara o Talks, série de palestras que acontecem durante os eventos, como um dos pontos altos da programação.
Na SP-Arte/Foto/2018, o ciclo de debates cresceu! São sete encontros sobre o fazer fotográfico com artistas, pesquisadores, curadores e editores envolvidos com o tema. Neste ano, há ainda outra novidade: um dos dias é inteiro dedicado à troca de experiências com importantes nomes da fotografia e arte brasileira.
O Talks acontece entre os dias 23 e 25 de agosto, das 16h às 19h, no Lounge One (JK Iguatemi, 3º piso). As senhas devem ser retiradas trinta minutos antes do início da primeira mesa de cada dia, às 15h30. As vagas são limitadas e haverá tradução para o português.
Confira abaixo os detalhes sobre as sete conversas:
23 de agosto,
Das 16h às 19h
O legado de 1968 na fotografia
O ano de 2018 marca o aniversário de cinquenta anos do verão de 1968. Neste período, a França viu nascer um movimento estudantil que reivindicava desde reformas na grade curricular até pautas mais amplas como o fim da Guerra do Vietnã. O clima revolucionário extrapolou as fronteiras francesas e contagiou diversos países do mundo. A primeira palestra do Talks da SP-Arte/Foto/2018 faz uma homenagem a esse movimento e suas influências na América Latina. O curador e historiador da arte Rodrigo Orrantia fala sobre a produção artística latino-americana da época, em especial no que diz respeito à fotografia.
O colombiano conversa com o baiano Evandro Teixeira, que tirou algumas das fotos mais emblemáticas durante a ditadura militar brasileira. Em 1968, ele registrou eventos como a Passeata dos Cem Mil, manifestação popular contra o governo, assim como a missa do estudante Edson Luís de Lima Souto, morto pela polícia. “A cavalaria chegou bem na hora em que eu fazia as fotos. Eu corria muito para não ser pego, era uma guerra”, conta. Suas fotos no Jornal do Brasil (“Haviam censores permanentes da redação”, diz ele) ganharam prêmios de concursos internacionais como da Nikon e da Unesco. Aos 82 anos, ele pretende dividir com o público grande parte de suas lembranças: “O Brasil é um país sem memórias e eu tenho a honra de poder contar sobre esses fatos horríveis que aconteceram por aqui”.
Fotógrafos na linha de frente
Fotografar áreas de conflito é para poucos, mas o paraense Gabriel Chaim parece ter nascido para isso: mistura de dom com muito estudo e uma dose cavalar de coragem. “Quem não está acostumado a lidar com essas situações de catástrofe ficaria muito mais abalado do que no meu caso. O desafio profissional é saber como contar aquela história sem fazer com que o lado emocional aflore muito”, conta Chaim em entrevista para a Revista SP-Arte, distribuída gratuitamente na Feira. Fotógrafo e cinegrafista especializado em áreas de conflito e crises humanitárias, ele se dedica, desde 2011, a cobrir a Síria e publica seus trabalhos regularmente em veículos como CNN, Spiegel TV e Rede Globo.
Neste painel, ele conversa com Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha de S.Paulo especializada em política e economia internacional. O trabalho de cobertura da jornalista na Síria começou a partir de uma reportagem sobre a família de Alan Kurdi, garoto que morreu em uma praia da Turquia quando tentava chegar à Grécia. A viagem resultou em impressionantes reportagens para o jornal, além do livro “Lua de mel em Kobane”, a improvável história de um casal de sírios que se apaixonou pela internet e arriscou a vida ao decidir se instalar na cidade de Kobane, sitiada pelo Estado Islâmico.
Imagem em movimento – Os desafios da cinematografia
Com 59 prêmios e 27 indicações em seu currículo, Walter Carvalho é diretor de fotografia de alguns dos maiores filmes brasileiros, como os inesquecíveis “Central do Brasil”, “Lavoura arcaica” e “Abril despedaçado”, bem como os mais recentes “O filme da minha vida” e “Getúlio”. No encontro na SP-Arte/Foto, o paraibano conta sobre a relação entre a fotografia e o audiovisual, abordando por exemplo, sua experiência também como diretor de cinema – ele assina longas como “Cazuza: o tempo não para” e a série “Os dias eram assim”. O papel da fotografia na produção de filmes, suas referências e influências a partir do Cinema Novo também devem ser pautas da discussão com o público do evento. Prepare-se para ouvir uma grande história de cinema e, melhor ainda, poder interagir com ela.
"Beijing Overshoot", de Claudia Jaguaribe
24 de agosto,
Das 16h às 19h
O fotolivro e suas narrativas
“Foi a poluição de Beijing e a atmosfera densa do ar, além da variação de cores da cidade que me fizeram ficar obcecada por ela”, conta a artista Claudia Jaguaribe. A carioca que já assinou fotolivros como “Sobre São Paulo” e “Entre vistas”, obras cujos cenários são a capital paulistana e o Rio de Janeiro, visitou a cidade chinesa por quatro vezes para produzir o livro “Beijing Overshoot”. É claro que a quantidade de informação numa só cena e os detalhes da arquitetura não poderiam ficar de fora dos seus cliques. É sobre essa experiência que ela comenta na palestra da SP-Arte/Foto, ao lado de Pierre Bessard, francês que comanda a editora parisiense Editions Bessard. Ele é responsável pela publicação de quinhentas edições do livro, que ganha, durante o evento, uma edição especial numa caixa de seda e com fotografia assinada pela artista. Pierre também é apaixonado pela China e vem editando diversas publicações que tenham o país como temática. Porém, mais do que o amor pelo oriente, ambos também têm em comum outra paixão: livros feitos por fotógrafos e de pequena tiragem, que são, por si só, obras de arte.
Os caminhos da manipulação fotográfica
Engana-se quem achar que a edição na fotografia só começou a ser feita na era do Photoshop. Afinal, como os retratos em preto-e-branco de cartões-postais ganhavam cores? Malcolm Daniel foi convidado para contar sobre as curiosas técnicas de manipulação das imagens que já aconteciam na fotografia analógica. Um dos curadores mais requisitados do mundo quando o assunto é fotografia do século XIX, Malcolm é atualmente curador do Museu de Belas Artes de Houston e foi responsável por dezenas de exposições durante seus 23 anos na equipe do Metropolitan Museum of Art, de Nova York, sendo nove deles como curador-chefe do departamento de fotografia. No período, o museu adquiriu cerca de 20 mil peças para esta parte do acervo. Enquanto isso, na mesma mesa, a pesquisadora Fabiana Bruno faz o contraponto na linha do tempo ao debater a pós-fotografia. Pós-doutora em antropologia social pela Unicamp, Fabiana discute a total perda de ligação da fotografia com sua função primeira: o registro factual. Hoje, as práticas digitais não mais enganam ou fazem questionar se há edição, porém são tão comuns e disseminadas que podem criar novas verdades.
25 de agosto,
Das 16h às 19h
Meeting the artist – Bob Wolfenson
Ao lado do curador do Espaço Cultural Porto Seguro, Rodrigo Villela, Bob Wolfenson revisitou, nos últimos quatro anos, uma imensidão de fotografias que tirou em toda a sua carreira, iniciada efetivamente no final dos anos 1970, quando montou seu estúdio. A longa pesquisa resultou na individual que o fotógrafo mais requisitado da música, do teatro, da televisão e das passarelas brasileiras ganha aos 64 anos. A partir de 24 de agosto, “Bob Wolfenson: retratos” reúne mais de 220 retratos de personalidades da cultura, esporte e política – muitos dos quais tirados do fundo do baú –, no Espaço Cultural Porto Seguro. Por ocasião da mostra, a SP-Arte também convidou Bob Wolfenson para participar da sua programação. Num bate-papo informal, o público do evento tem a oportunidade de saber das histórias mais curiosas sobre seus trabalhos.
Meeting the artist – Jonathas de Andrade
Em seu trabalho, Jonathas de Andrade usa a fotografia como ferramenta para uma pesquisa voltada à antropologia. Um bom exemplo é seu emblemático trabalho intitulado “Museu do homem do Nordeste”, conjunto de ações feitas a partir de anúncios em jornais que recrutavam pessoas para tirarem fotos. Isso resultou numa série de encontros em que ele tenta descobrir quem é o homem desta região cujas cidades onde nasceu (Maceió) e vive atualmente (Recife) pertencem. A pesquisa sobre o homem e sua história também pode ser vista em “4.000 disparos”, videoarte produzida a partir de fotos de rostos aleatórios de homens nas ruas de Buenos Aires. Jonathas participou ainda da 32a Bienal de São Paulo com a obra “O peixe”, vídeo que registra o ritual fictício de uma vila de pescadores que abraçam os peixes depois de os pescar. Jonathas encerra com chave de ouro a programação do Talks, ao discutir temas como suas inspirações e descobertas ao longo de sua carreira.
23 de agosto, quinta
Das 16h às 19h
O legado de 1968 na fotografia, com Rodrigo Orrantia e Evandro Teixeira
Fotógrafos na linha de frente, com Gabriel Chaim e Patrícia Campos Mello
Imagem em movimento – Os desafios da cinematografia, com Walter Carvalho
24 de agosto, sexta
Das 16h às 19h
O fotolivro e suas narrativas
Os caminhos da manipulação fotográfica
25 de agosto, sábado
Das 16h às 19h
Meeting the artist – Bob Wolfenson
Meeting the artist – Jonathas de Andrade
Localização
Lounge One, Shopping JK Iguatemi, 3º piso
Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041
São Paulo, Brasil
As senhas devem ser retiradas trinta minutos antes do início da primeira mesa de cada dia, às 15h30. As vagas são limitadas e haverá tradução para o português.
#spartefoto2018
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