Review
SP–Foto 2016
Foram cinco dias de convivência intensa com a fotografia, entre 24 e 28 de agosto. Com exposições, debates e lançamentos de livros, a SP-Arte/Foto encerrou sua décima edição com um público de cerca de 16 mil pessoas, no JK Iguatemi.
“Foi uma edição muito especial, à altura da celebração de dez anos da Feira”, afirma Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP-Arte/Foto. “Ao longo desses dias festivos, pudemos ver como o público foi se interessando mais e mais ao longo da década e criou uma relação visceral com a fotografia. O público presente queria não apenas ver as obras, mas conhecer os artistas, suas técnicas, suas séries, como sua linguagem se insere dentro do universo da fotografia. É muito gratificante ver que nós colaboramos com esse processo.”
A SP-Arte/Foto/2016 recebeu 32 expositores de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, trazendo ao público, pela primeira vez, as galerias Andrea Rehder, Blau Projects, Biographica, Luciana Caravello, Raquel Arnaud e Pinakotheke, além das já habituais Casa Triângulo, FASS, Gávea, Luciana Brito, Millan e Vermelho, com os principais nomes modernos e contemporâneos do Brasil e do mundo; as galerias Leme, Babel, Lume e Portas Vilaseca, focadas na contemporaneidade; Fólio e Schoeler, com destaque para fotolivros. Foram apresentadas ao público, ao longo da Feira, mais de mil obras dos principais fotógrafos nacionais e estrangeiros.
Sempre em busca de levar a fotografia brasileira para além das fronteiras nacionais, a SP-Arte/Foto/2016 contou com a maior participação estrangeira de sua história no Talks/Foto: Perspectivas, ciclo de palestras que teve recorde de público na quinta e sexta-feira, no Lounge One do JK Iguatemi.
A primeira palestra (25/8) contou com a presença do curador de fotografia do Metropolitan Museum of Art – Met, Jeff Rosenheim. Especialista da cena norte-americana, falou sobre quais critérios utiliza para compor o acervo do museu nova-iorquino. A diretora da The Photographers’ Gallery, primeira galeria da Inglaterra dedicada apenas à fotografia, Brett Rogers, discutiu tendências na fotografia e apontou espaços onde é possível se informar sobre elas. Joaquim Paiva, colecionador e fotógrafo – cujos trabalhos integram acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museum of Fine Arts, em Houston, nos EUA –, apresentou destaques da sua coleção e, assim, fez um passeio pela fotografia nacional.
Na sexta-feira (26/8), o curador do ICP, Christopher Phillips, citou sua pesquisa e seu trabalho como curador, além de pontuar como a tecnologia atua na produção de imagens. Depois foi a vez do debate entre o diretor do Centre de la Photographie Genève, Joerg Bader, que se debruçou sobre o comportamento social e as novas práticas fotográficas, como as selfies, com o diretor responsável da Brasileiros Editora, Hélio Campos Mello, fotojornalista que abordou sua cobertura de guerras, como a do Golfo, no início dos anos 90.
A curadora de fotografia do Centre George Pompidou, Karolina Lewandowska, em visita à SP-Arte/Foto, elogiou a qualidade das galerias presentes e dos trabalhos exibidos na Feira.
Trazendo ao público colecionador muitas possibilidades de gênero fotográfico e teor estético, a Feira foi marcada também por aquisições de obras de grandes nomes como Luiz Braga, Martin Parr, José Manuel Ballester, José Spaniol, Claudio Edinger, Héctor Zamora, Thomas Hopfker, JR Duran, Ivan Grilo, László Moholy-Nagy, Man Ray, Marcelo Moscheta, Pedro David, Christian Cravo, Marcel Gautherot, Carla Chaim, Ding Musa e Pierre Verger.
O público movimentou a Feira para conferir os lançamentos dos livros @Pintor (Ediciones Larivièri), de Oscar Pintor; Viajanseio (Editora Bambalaio), de Roberto Vámos; O Real como Enigma (Editora FASS), de Fernando Lemos; Quina (Editora Pingado Prés), de Mariana Tassinari; Caixa Preta, de Celso Brandão; Al Otro Lado, de Misha Vallejo, e Jornada do alumbramento de Apollo, de Penna Prearo, (Editora Madalena). Na quinta-feira (25), Tatiana Blass também realizou o lançamento de seu livro homônimo, publicado pela Editora Automática.
Sempre atenta às novidades do cenário da fotografia, a Feira abriu também espaço às publicações independentes por meio dos lançamentos de Havia Sol e Éramos Novos, de Jordi Burch; Chai (Publicação independente), de Letícia Lampert; Carne, de Alexandre Furcolin Filho, O Vazio é um Espelho, de Carine Wallauer, e Escavar o Invisível, de André Hauk e Camila Otto.
Os fotolivros estiveram também no centro de um debate que ocorreu na Livraria da Vila, ainda no sábado. Organizado pela artista e curadora independente Denise Gadelha, a conversa reuniu os fotógrafos André Penteado, Gilberto Tomé, Letícia Lampert e Lucia Mindlin Loeb. Além de conversar entre si, o grupo esteve aberto à troca com o público sobre o livro como suporte fotográfico.