Editorial
Um circuito das artes pelo interior de São Paulo
24 Jul 2019, 4:16 pm
Descentralizar a circulação da arte contemporânea no Brasil é um desafio histórico, há muito debatido pelos diversos agentes do circuito. O interior paulista, por sua vez, ainda que razoavelmente próximo ao eixo Rio-São Paulo, tem sido palco para novas empreitadas museológicas e culturais.
A despeito de espaços consolidados, como os museus de arte de Campinas, datado dos anos 1960, e de Ribeirão Preto, de 1992, iniciativas inovadoras têm se multiplicado por outras cidades nos últimos anos, formando um importante pólo artístico fora da capital. Surgem, então, diferentes vocações para essas instituições, desde os impactos que provocam nas dinâmicas socioculturais de seus entornos, ao uso público que coleções de arte particulares adquirem.
Conheça um pouco da história e das atividades de alguns institutos que estão moldando a cena interiorana!
Em 2012, o Sesc expandiu suas atividades em Sorocaba ao instalar uma nova unidade na cidade. O edifício, assim como outras sedes do Serviço Social do Comércio, adotou diversas medidas sustentáveis em seu projeto, como o máximo aproveitamento da iluminação e ventilação natural. Dois anos depois, o Sesc Sorocaba lançou o Frestas – uma grande mostra trienal internacional que democratiza acessos e discursos em torno das artes visuais contemporâneas. Logo em sua primeira edição, com curadoria de Josué Mattos, a trienal se espalhou para outros espaços de Sorocaba. Na segunda edição, a curadora Daniela Labra selecionou mais de cinquenta artistas para tratar da noção de verdade (e pós-verdade) na arte contemporânea. O Frestas já entrou para o calendário oficial de exposições mais relevantes do circuito, e sua terceira edição – preparada por Beatriz Lemos, Diane Lima e Thiago de Paula Souza – deve atrair os holofotes em 2020.
Sesc Sorocaba
R. Barão de Piratininga, 555, Jardim Faculdade – Sorocaba
Situado na pequena São José do Barreiro, quase na divisa com o estado do Rio, o Instituto José Resende foi inaugurado em maio para abrigar mais de uma centena de obras do artista paulistano. O local divide-se em um galpão e uma área expositiva a céu aberto, projetados para exibir de maneira apropriada as esculturas de aço e cobre em grandes dimensões. José Resende é uma figura essencial para a arte brasileira: na juventude, integrou ativamente grupos artísticos como o Rex e a Escola Brasil; sua prática escultórica abriu caminhos para artistas posteriores, principalmente na diversidade de materiais, e ganhou corpo em espaços públicos e importantes mostras ao longo de cinco décadas de produção. O IJR não utiliza verbas públicas em seu funcionamento, e convidará curadores para projetos expositivos temporários, que possam incluir obras de outros artistas.
Instituto José Resende
Rodovia dos Tropeiros, KM 260, 171 – São José do Barreiro
Inspirado pelo Dia:Beacon, museu de arte contemporânea instalado em uma antiga área industrial nos arredores de Nova York, Marcos Amaro, artista e presidente da Fundação que leva seu nome, escolheu a cidade de Itu para montar a versão brasileira do centro. Inaugurada em 2018 em uma antiga indústria têxtil da região, a Fábrica de Arte Marcos Amaro (Fama) reúne o acervo de Marcos e Ksenia Amaro, apresentando-o ao público por meio de exposições curadas e promovendo programas de residência e de fomento à produção artística. Com mais de mil obras, a coleção vem sendo construída ao longo de dez anos e reúne trabalhos das mais diversas gerações de artistas brasileiros. O foco principal é a tridimensionalidade na arte contemporânea, por isso, pelos jardins da Fama, o público se depara com obras de grande porte de nomes como Mário Cravo, José Resende e Amilcar de Castro. A Fama celebra ainda um dos filhos mais ilustres da cidade de Itu, o pintor Almeida Júnior, que dá nome a uma das inúmeras salas expositivas, montadas a partir dos galpões da antiga fábrica.
Fábrica de Arte Marcos Amaro
R. Padre Bartolomeu Tadei, 9, Vila São Francisco – Itu
Situado em Ribeirão Preto, o Instituto Figueiredo Ferraz surgiu a partir da coleção de arte contemporânea de Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, e se propõe a trazer exposições temporárias através de parcerias com as mais diversas instituições culturais do país. O acervo inclui mais de mil obras de importantes artistas brasileiros, como Adriana Varejão, Rosangela Rennó, Tunga e Waltercio Caldas. “Desde o momento em que me conscientizei de que aquele conjunto de obras que eu estava adquirindo formava uma coleção, senti necessidade de ter um espaço onde ela pudesse ser mostrada publicamente e compartilhada com todos os que gostam de arte”, conta Figueiredo Ferraz no site da instituição. Para aproximar o público do debate e estimular reflexões, o IFF oferece, além das exposições, um calendário de cursos e palestras com artistas, críticos, curadores e outros agentes das mais diversas áreas da cultura. Até 14 de dezembro de 2019, a exposição “Abertura 1980”, com curadoria de Rafael Vogt Maia, reúne peças da década de 1980 que permeiam a coleção.
Instituto Figuereido Ferraz
R. Maestro Ignácio Stábile, 200, Alto da Boa Vista – Ribeirão Preto
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