Confira a programação completa de exposições do Masp em 2018

18 Dec 2017, 4:27 pm

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) recupera diferentes narrativas afro-atlânticas em sua programação de 2018, quando a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no território brasileiro, completa 130 anos. As mostras se referem não apenas ao processo de escravização das populações africanas, mas também às trocas – culturais, simbólicas e artísticas – entre os povos do Atlântico.

Das nove exposições confirmadas pela instituição, a principal é “Histórias Afro-Atlânticas”. Com curadoria do diretor artístico do Masp, Adriano Pedrosa, do artista Ayrson Heráclito, dos antropólogos Hélio Menezes e Lilia Schwarcz, e do curador Tomás Toledo, a mostra contempla uma seleção de obras desde o século 16 até a contemporaneidade. Vida cotidiana, viagens e tráfico, festas e religiões e modernismo africano são alguns dos núcleos que organizam a exposição, prevista entre junho e outubro de 2018. Um seminário sobre o tema acontece também durante o período, no Instituto Tomie Ohtake – co-organizador da mostra.

As demais exposições centram em importantes artistas afro-descendentes que marcaram a história da arte brasileira e atlântica. Confira aqui os escolhidos do Masp para 2018.


Quando: Março a junho de 2018
Curadoria: Rodrigo Moura

O artista Antônio Francisco Lisboa (1730-1814) dispensa apresentações. Mais conhecido como Aleijadinho, o mineiro se tornou um dos maiores mestres do barroco brasileiro ao esculpir clássicos em pedra-sabão, como os doze profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, Minas Gerais. Por volta dos 40 anos, o artista foi acometido por uma doença que o deixou sem os movimentos das mãos e dos pés. Mesmo assim, continuou a trabalhar com instrumentos presos aos punhos, ganhando assim seu famoso apelido. Como parte da programação de narrativas afro-atlânticas, a mostra prevê lançar um novo olhar ao trabalho deste filho de um português com uma escrava negra, relacionando-o com temas como raça e escravidão no Brasil.


Quando: Março a junho de 2018
Curadoria: Adriano Pedrosa e Fernando Oliva

A pintora Maria Auxiliadora da Silva (1935-1974) nasceu em uma família de 18 irmãos, em Campo Belo, Minas Gerais. Autodidata, mostrou aptidão para as artes visuais desde cedo e começou a desenhar com carvão ainda na adolescência. Mas foi apenas com 32 anos, em 1967, que começou a se dedicar à pintura profissionalmente. Faleceu alguns anos depois, em 1974, com câncer. Auxiliadora desenvolveu uma técnica única, baseada na mistura de uma massa de poliéster com o próprio cabelo, dando origem a volumes e texturas em suas telas, e ficou conhecida por retratar a vida doméstica e cotidiana do país, assim como elementos da cultura afro-brasileira. Cerca de 70 pinturas compõem a individual da artista, geralmente negligenciada em exposições de museus e instituições.


Quando: Abril a julho de 2018
Curadoria: Tomás Toledo

Atual curador e diretor do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo (1940) nasceu em uma tradicional família de ourives em Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Começou o trabalho artístico ainda em sua terra natal, realizando a primeira exposição individual em 1959. Na década seguinte, mudou-se para Salvador e ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Araújo já ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais por obras nos mais variados formatos e foi também diretor da Pinacoteca de São Paulo. Sua obra, focada na produção de esculturas, é caracterizada pelo construtivismo geométrico e pelas temáticas afro-brasileiras. É isso que realça a exposição no Masp que traz esculturas de Orixás e uma série sobre navios negreiros.


Quando: Agosto a novembro de 2018
Curadoria: Rodrigo Moura

Nascido em Houston, no Texas (EUA), Melvin Edwards (1937) é um dos destaques na história da arte e da escultura afro-americana, sendo um dos mais importantes artistas negros em atividade no país. Ele começou a carreira artística ainda na universidade e teve a primeira individual realizada em Santa Bárbara, na Califórnia, em 1965. Sua obra é permeada por críticas à violência despendida contra os afrodescendentes nos Estados Unidos e a conflitos nos quais seu país se envolveu, como a Guerra do Vietnã. A exposição no Masp reúne peças da célebre série “Lynch Fragments”. Nessas esculturas de parede, o artista coleciona objetos em metal, que remetem a temas como raça, violência e escravidão, especificamente no contexto da diáspora africana.


Quando: Agosto a novembro de 2018
Curadoria: Adriano Pedrosa e Fernando Oliva

Inspiradas em elementos do Candomblé e da Umbanda, as formas geométricas das pinturas e esculturas de Rubem Valentim são o tema da exposição dedicada ao artista, prevista para agosto. Nascido na Bahia em 1922, Rubem entrou em contato com as religiões afro-brasileiras ainda criança, e foram os signos presentes ali, como ferramentas de culto e símbolos dos deuses, que nortearam os seus traços. As telas do pintor são marcadas pelo uso criativo da cor e pela geometria rigorosa, presente em linhas retas, triângulos, círculos e quadrados. Morto em 1991, não viu em vida a enorme projeção internacional das suas obras. Há sete anos, a Tate, em Liverpool, organizou a mostra “Afro Journeys Through the Black Atlantic” que colocou Valentim ao lado de nomes como Picasso e Brancusi.


Quando: Novembro de 2018 a fevereiro de 2019
Curadoria: Camila Bechelany

Em 2015, o nome de Sonia Gomes ganhou enorme projeção ao ser a única brasileira selecionada para a mostra principal da Bienal de Veneza. Dois anos antes, seus trabalhos foram expostos na Art Basel, maior feira de arte do mundo. A mineira, nascida em Caetanópolis, em 1948, se inspirou naquilo que encontrava nos fundos das gavetas de sua casa e nos retalhos de uma fábrica de tecidos. A arte de Sonia faz uso das misturas destes e de outros elementos, a partir de bordados e costuras. Uma curiosidade: os materiais usados em suas criações nunca são comprados. Desde que fez sua primeira exposição em Belo Horizonte, Sonia ganha de conhecidos a matéria-prima para seus trabalhos, ou também chamados por ela de “objetos de afeto”.


Novembro de 2018 a fevereiro de 2019
Curadoria: Adriano Pedrosa e Mariana Leme

Nascido em 1861, no Uruguai, Figari é o pintor mais importante da história do Uruguai. Branco, de família com boa condição financeira, mas nem por isso menos focado na criação de uma obra artística atenta a questões raciais, é autor de mais de 4 mil telas durante os 15 anos em que se dedicou à pintura. Sua atenção às causas sociais começou enquanto trabalhava como advogado, profissão que seguiu até os 60 anos, quando passou a pintar em tempo integral. Representante do modernismo uruguaio, une em seu trabalho um estilo particular de gestos, manchas e movimentos. Uma de suas paixões e catalisador máximo de suas atenções foi o candombe, dança de origem afro-americana, que também está no centro da exposição do Masp. Além disso, o conjunto de obras escolhidas compõe uma narrativa afro-uruguaia, com festas, cenas de trabalho e representações da população negra no país.


Quando: Dezembro de 2018 a março de 2019
Curadoria: Isabella Rjeille

Foi em 1998, na Galeria Candido Mendes, Ipanema, que Lucia Laguna expôs suas obras pela primeira vez. Até então, antes de se afirmar como artista plástica, ainda existia um “professora aposentada” como prenome da fluminense nascida em Campos dos Goytacazes. Hoje, aos 76 anos, Lucia tem uma das produções mais sólidas da arte contemporânea brasileira e unanimidade crítica de especialistas e artistas, que elogiam a técnica e as formas abstratas das suas telas. Elas retratam de forma particular o que vê da janela do seu apartamento, localizado na zona norte do Rio, com vista para o Morro da Mangueira. A pintura de Lucia é marcada por telas de grandes proporções, que misturam muito do que observa do subúrbio carioca, acrescido de elementos do seu próprio ateliê e casa.

 

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