Davi de Jesus do Nascimento “Braços de romaria fluvial” (2017)
Destaques

Galeristas descobrem artistas no SP–Foto
Viewing Room

Felipe Molitor
27 nov 2020, 6h15

O formato virtual para as feiras de arte tem lá suas vantagens. Dinâmico e mais democrático, o SP-Foto Viewing Room aproxima diferentes gerações de artistas e de galerias, permite contatos improváveis que rompem barreiras geográficas, além de estimular novas formas de troca e pesquisa para os agentes que atuam no mercado de arte. 

Partindo de uma premissa mais colaborativa, convidamos alguns dos galeristas engajados nesta edição para contar quais artistas puderam descobrir através da nossa plataforma, e comentar aquilo que mais chamou sua atenção. Confira!

 

Acima: Davi de Jesus do Nascimento “Braços de romaria fluvial” (2017)

Ian Duarte Lucas e Allann Seabra
Verve Galeria

“Optamos por misturar algumas escolhas de nós dois: a Tulani Rachia (01.01 Art Platform) é mestre em captar atmosferas e nos transportar imediatamente para outros lugares e narrativas. Também escolhemos a Pâmina Sebastião por suas potentes imagens que questionam as idealizações estéticas da fotografia. Em um ano tão conturbado como este, é grande a vontade de transcender para lugares que não aqui e agora, e Majo Guerrero (Ginsberg) nos transporta lindamente para este outro lugar.

Também nos chama atenção o Eustáquio Neves, pelo belo recorte do Projeto Vênus em destacar o pioneirismo deste grande artista, que transcende a linguagem da fotografia para a do objeto de arte. Brasília é um tema que jamais se esgota na fotografia. Foi uma feliz surpresa conhecer Luis Humberto (Galeria Index) que há tanto tempo fotografa a capital com um olhar tão particular. Por fim indicamos Juh Almeida (Piscina): as imagens e a poesia que as acompanham são absolutamente deslumbrantes.”

Thulani Rachia “Mohammed” (2011) da série “Eu sonho com esse lugar que eles construíram para nós...”

Thulani Rachia “Mohammed” (2011) da série “Eu sonho com esse lugar que eles construíram para nós...”

Pamina Sebastião “Me falaram, uma crítica ao que foi inscrito no meu corpo - tríptico” (2019) da série “Só belo mesmo”

Pamina Sebastião “Me falaram, uma crítica ao que foi inscrito no meu corpo - tríptico” (2019) da série “Só belo mesmo”

Majo Guerrero “Eventos não ordenados a tempo” (2019)

Majo Guerrero “Eventos não ordenados a tempo” (2019)

Eustáquio Neves Sem título, da série “Boa Aparência” (1999/2000), e Luis Humberto “Congresso nacional” (1975)

Eustáquio Neves Sem título, da série “Boa Aparência” (1999/2000), e Luis Humberto “Congresso nacional” (1975)

Juh Almeida “Náufraga” (2019)

Juh Almeida “Náufraga” (2019)

Fernanda Resstom
Central Galeria

“Uma descoberta maravilhosa foi a Galeria Index, recém inaugurada em Brasília, cuja pesquisa é voltada à produção artística do centro-oeste do país. Não conhecia o trabalho do Luís Humberto e fiquei impressionada com os registros dos anos 70 feitos durante a ditadura militar revelando sutilmente a arquitetura de Oscar Niemeyer e o projeto urbanístico de Lucio Costa.

Além do Luís Humberto, destacaria o Davi do Nascimento, que está no SP–Foto Viewing Room pela galeria Hoa. Artista jovem negro de Pirapora (MG), tem uma produção bastante poética e relevante. Cresceu à beira do Rio São Francisco e utiliza elementos de seu cotidiano em suas obras. A família de Davi é de carranqueiros e seu pai, além de ser pescador, constrói canoas. Para mim, esse é o nosso Brasil, e o olhar do Davi revela com orgulho a sua raiz e isso é de maior valia. Ambos os artistas resgatam a nossa cultura, a nossa história e o nosso Brasil. Acredito ser de extrema importância, nas artes e no mundo, a descolonização do olhar; e a existência dos viewing rooms facilita esse passo.”

Luis Humberto “Fernanda, Clara, Rodrigo e Pedro -STF, Brasília” (1995)

Luis Humberto “Fernanda, Clara, Rodrigo e Pedro -STF, Brasília” (1995)

Davi de Jesus do Nascimento “Braços de romaria fluvial” (2017)

Davi de Jesus do Nascimento “Braços de romaria fluvial” (2017)

Pablo Di Giulio
Utópica

“Eu destacaria o Projeto Vênus, com o solo de Eustáquio Neves. O trabalho dele já é bem reconhecido, é um artista que tem uma trajetória importantíssima. Ele transita entre fotografia e a arte contemporânea porque transcende a fotografia com os tratamentos e recursos que utiliza, seus projetos e trabalhos são fruto desses cruzamentos, e isso já é muito importante. O bom nessa apresentação do Projeto Vênus é que é muito ampla, vários anos e várias fases. Visualizar na mesma apresentação toda a trajetória foi algo que eu considerei bem interessante e me chamou atenção nesta Feira.”

Eustáquio Neves "Sem título" (1999) da série “Objetilização do Corpo”

Eustáquio Neves "Sem título" (1999) da série “Objetilização do Corpo”

Eustáquio Neves "Sem título" (2004) da série “Máscara de Punição”

Eustáquio Neves "Sem título" (2004) da série “Máscara de Punição”

Bianca Boeckel
Bianca Boeckel Galeria

“Um projeto que envolve treze artistas mulheres, como o do Piscina, por si só, já desperta meu interesse. A força do trabalho ’15:01:37’, de Alice Yura, chamou minha atenção por fazer referência ao Romantismo europeu e, ao mesmo tempo, trazer discussões contemporâneas acerca do corpo e da autoimagem, além de resgatar elementos típicos regionais como a toalha de crochet. O cartão digital, preciosamente inserido em um porta joias, contém um registro do ensaio performático ‘Restos de Carnaval’, e os títulos das fotos vêm do tempo do arquivo. Nas palavras da artista: ‘É sobre o tempo que estou falando, sobre o meu tempo e é no tempo que eu me relaciono com as coisas.’”

Alice Yura “15:01:37” (2020)

Alice Yura “15:01:37” (2020)

Alice Yura “15:01:37” (2020)
Alice Yura “15:01:37” (2020)

Alice Yura “15:01:37” (2020)

Alice Yura “15:01:37” (2020)


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Felipe Molitor é jornalista e crítico de arte, parte da equipe editorial da SP–Arte.

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