Editorial
Em maio, o mundo das artes se voltou à Veneza, onde acontece a 58ª Bienal. Inspire-se nesse clima e construa sua própria agenda cultural!
16 mai 2019, 13h45
Neste mês de maio, o mundo das artes se voltou ao norte da Itália, onde acontece a 58ª edição da Bienal de Veneza, uma das maiores e mais tradicionais mostras de arte do mundo. Que tal se inspirar nesse clima e incluir exposições em sua agenda cultural? Listamos dez aberturas do mês em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba; Aproveite!
São Paulo
(1) Claudio Cretti, na Marilia Razuk
Sexta individual do artista na galeria, “Quimeras” reúne um conjunto de onze esculturas e vinte desenhos inéditos. Nascido no Pará, e criado em São Paulo, Claudio Cretti coleciona artefatos populares e indígenas há mais de vinte anos e os conecta a objetos encontrados em lojas de instrumentos musicais, em Pinheiros, bairro onde mora: é dessa forma que surgem suas esculturas, construídas por meio de articulações de objetos não previsíveis, como batutas, arcos de violinos, entre outros artigos musicais, encadeados a cachimbos, zarabatanas, madeiras, borrachas e pedras. As “quimeras”, essas miscelâneas de objetos, reforçam a pesquisa de Cretti em torno da dimensionalidade das coisas. De 3 de maio a 1º de junho.
(2) Dudi Maia Rosa, no Anexo Millan
Se a resina poliéster pigmentada tem ocupado um papel central em trabalhos do paulista Dudi Maia Rosa desde os anos 1980, na atual mostra “Lírica”, o artista busca novos usos para o material – utilizado dessa vez como elemento escultórico, em diálogo com outros acabamentos como latão, alumínio e poliestireno. Em algumas peças, é possível identificar uma continuidade da pesquisa que o artista vem desenvolvendo há anos, já em outras, extrapola-se a dimensão bidimensional, estabelecendo a partir daí novas possibilidades em seu trabalho. Ao todo, o Anexo Millan apresenta 23 novas peças. De 4 de maio a 1º de junho.
(3) “A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também”, no Museu Afro Brasil
Com curadoria de Emanoel Araújo, diretor do Museu Afro Brasil, a exposição “A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também” homenageia a Bahia, seus personagens típicos e narrativas. Um dos núcleos centrais da mostra apresenta ícones do modernismo baiano, incluindo telas de Carlos Bastos, tapeçarias de Genaro de Carvalho, esculturas e gravuras de Rubem Valentim, assim como joias de Waldeloir Rego. A mostra oferece também a projeção de filmes ligados ao imaginário do estado como: “Barravento” (1962, 80 min), dirigido por Glauber Rocha, e “Bahia de Todos os Santos” (1960, 101 min), com direção de Trigueirinho Netto. De 8 de maio a 1º de setembro.
(4) Camila Alvite, na Bianca Boeckel Galeria
A paulistana Camila Alvite apresenta “Um minuto antes”, com quinze telas de sua produção mais recente. A artista, ao mesmo tempo que se coloca como protagonista da obra, abre espaço para personagens distintas. Isso ocorre devido a um processo criativo autoral: ao imaginar uma cena, uma sensação ou um momento, Alvite se caracteriza com maquiagens e adereços. A partir daí, ela se fotografa ou pede para alguém a fotografar, para só então realizar as pinturas. “É como se eu perguntasse: quem é aquela pessoa, o que ela quer dizer? Busquei inspiração no livro ‘As existências mínimas’, de David Lapoujade, que trata das potencialidades que acompanham cada existência”, reflete a artista. De 9 de maio a 8 de junho.
A exposição “Peixe-elétrico-moto-clube”, primeira individual de Loureiro na Sé, conta com desenhos, animações e instalações – uma delas ocupa o estacionamento no piso térreo do prédio onde se encontra a galeria, exatamente abaixo da sala de exposição principal. A temática dos trabalhos dialoga com o fluxo de pessoas e veículos dos arredores, característico da região central de São Paulo. Para construir essas representações, o artista se utiliza de meios como animações, quadrinhos e adesivos. A exposição antecipa produções que Loureiro apresenta na feira Liste, um dos principais eventos emergentes do mundo, em Basel. De 11 de maio a 21 de julho.
(6) Monica Piloni, na Zipper Galeria
Múltiplas representações do corpo feminino são o cerne do trabalho que a artista curitibana apresenta em “Ciclo”, sua primeira individual na Zipper Galeria. A mostra reúne novos trabalhos de Piloni que distorcem o corpo humano com desmembramentos, omissões ou multiplicação de elementos, gerando formas não naturais, frequentemente incômodas. Seu trabalho questiona a excessiva sexualização da figura feminina, ao mesmo tempo que instiga a sensualidade, por meio de corpos nus distorcidos. A artista utiliza moldes de seu próprio corpo para obter uma anatomia original que só então será modificada no processo de produção das peças. De 11 de maio a 8 de junho.
(7) “Novas efervescências”, no Espaço Cultural Porto Seguro
Novas linguagens da arte contemporânea dão o tom da próxima exposição no Espaço Cultural Porto Seguro. Intitulada “Novas efervescências”, a mostra traz nove trabalhos inéditos dos artistas selecionados pelo Edital de mesmo nome promovido pelo centro cultural, em parceria com a Base7 Projetos Culturais, e que contou com comissão julgadora formada por Isabella Lenzi, Jacopo Crivelli Visconti e Ricardo Ribenboim. Participam artistas de diferentes gerações e linhas de pesquisa. São eles: Angella Conte, Arnaldo Pappalardo, Daniel Frota de Abreu, Erica Ferrari, Erica Kaminishi, João Angelini, Laura Gorski e Renata Cruz, Pablo Lobato e Tiago Mestre. Juntos, eles convocam o público a refletir sobre uma pluralidade de questões, como episódios da história do País, a relação do indivíduo com o meio ambiente e diálogos com a arquitetura do entorno. De 11 de maio a 21 de julho.
Rio de Janeiro
(8) Andrea Rocco, na Silvia Cintra + Box4
Cerca de setenta desenhos e dois trabalhos de grande formato em pastel compõem a seleção feita pela artista para “Aparente inocência”. A exposição ganhou corpo após a artista, que vive e trabalha em Lisboa, revisitar a obra da pintora portuguesa Paula Rego. Temas controversos como a mistificação de pseudo-heróis, a busca pela fama a qualquer preço, o excesso de consumo e a continuidade de um pensamento escravocrata colonial ganham representação nos trabalhos de Rocco. “Utilizo material artístico tradicional, porém em papéis de cores berrante, como se quisesse que a informação chegasse num outdoor de propaganda nada sutil, fazendo um contraponto aos tons pastéis do desenho”, afirma a artista sobre os materiais utilizados no processo. De 6 de maio a 8 de junho.
(9) “O Rio dos navegantes”, no Museu de Arte do Rio
Com curadoria de Evandro Salles, Fernanda Terra, Marcelo Campos, Pollyana Quintella e consultoria histórica de Francisco Carlos Teixeira, a exposição “O Rio dos navegantes” propõe uma abordagem transversal da história do Rio de Janeiro como cidade portuária, do ponto de vista dos diversos povos, navegantes e viajantes que desde o século XIX passaram, aportaram e viveram por lá. Dividida em três salas, a mostra se desenvolve a partir de obras da Coleção MAR, em articulação com outras instituições culturais e acervos. Cerca de 400 itens entre pinturas, instalações artísticas, documentos históricos, objetos de navegação, mapas, barcos e material audiovisual e sonoro compõem a exposição. De 25 de maio a abril de 2020.
Curitiba
(10) Ai Weiwei, na SIM e Simões de Assis Galeria
Maio é o mês do artista chinês Ai Weiwei em Curitiba. A mostra “Raiz”, anteriormente exposta na Oca, em São Paulo, chegou ao Museu Oscar Niemeyer (MON), na capital paranaense, com diversas obras, entre elas “F.O.D.A”, moldes de quatro elementos tipicamente brasileiros, desenvolvidos por um ateliê de cerâmica em São Paulo. As iniciais de Fruta do Conde, Ostra, Dendê e Abacaxi dão nome à obra. Paralelamente, a SIM e a Simões de Assis Galeria apresentam mostra do artista em seus espaços de Curitiba. Com curadoria de Marcello Dantas, a exposição reúne obras produzidas na viagem de Weiwei ao Brasil, como uma escultura em ferro da mais antiga e ameaçada árvore ainda em pé no sul da Bahia. De 14 de maio a 29 de junho, nas galerias, e de 3 de maio a 28 de julho, no MON.
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