Editorial

Apostas

Quem são os designers para ficar de olho em 2025?

9 jan 2025, 12h

Para abrir os trabalhos de 2025, além dos artistas promissores, inauguramos uma lista de designers para prestar atenção. Para contribuir nesta tarefa, convidamos Jacqueline Terpins, fundadora do estúdio de design homônimo; Gerson de Oliveira, cofundador da ,ovo; Livia Debbane, escritora, curadora e pesquisadora; Winnie Bastian, jornalista especialista em design; Ricardo Innecco e Mariana Ramos, fundadores do Estúdio Rain (que, coincidentemente, foram indicados por outro participante para estar na seleção).

Cada um deles indicou até dois designers brasileiros que devem se destacar em 2025 e justificaram em um breve texto o motivo da escolha. Assim como para as apostas nas artes visuais, os critérios foram trajetória, relevância da produção e participação em exposições, considerando o momento atual mais importante do que o tempo de carreira.

Na lista que você confere abaixo, há diversidade de materiais e propostas que alinham beleza, funcionalidade e sustentabilidade.

Veja aqui a lista de artistas para ficar de olho em 2025.

Acima: Peças de André Carvalho

André Carvalho

O trabalho do André Carvalho vem mostrando muita coerência e consistência. No seu processo, destaque para a atenção aos detalhes e o cuidado com as proporções e a ergonomia, como podemos observar na poltrona Pouso, por exemplo. O designer vem fazendo apresentações com muita qualidade, e atualmente seu estúdio é um dos destaques da Galeria Metrópole, novo polo do jovem design em São Paulo.

André Carvalho, poltrona "Pouso" jequitibá

André Carvalho, mesa "Tempo rei"

André Grippi

O trabalho do designer André Grippi sempre chamou a atenção por aliar qualidade formal e rigor conceitual. O caráter escultórico é forte em sua produção, como podemos ver nos objetos da série Pista ou no mobiliário da linha Cabana. Nos seus desenhos de cadeiras e sofás observamos a atenção às proporções e à ergonomia. Destaca-se ainda a fluidez com que Grippi vem transitando entre materiais e técnicas diversas, como madeira, cerâmica e metal, entre outros. Suas apresentações recentes na SP–Arte mostram o vigor de sua produção em estandes com expografia concisa e limpa, em sintonia com a linguagem do seu estúdio/showroom na Galeria Metrópole.

André Grippi, objetos da série "Pista"

André Grippi, mobiliário da linha "Cabana"

Assimply Studio

Foi a pandemia que levou o brasileiro Victor Xavier e o dinamarquês Søren Hallberg a se aproximarem do design de produto. Durante o lockdown, Victor (então cursando Arquitetura na UFRJ) e Søren (formado em Digital Design pela IT University of Copenhagen) começaram a experimentar com vidro reciclado para criar uma granilite diferente. De lá para cá, o trabalho da dupla vem amadurecendo e ganhando consistência com o desenvolvimento de outros materiais, sempre focando of reaproveitamento de matérias-primas. Destaque para as coleções Nu, feita com pó de tijolo, mármore e alumínio reciclados e cimento, e Brut, criada a partir do entulho gerado na reforma do ateliê da dupla – ambas de 2024, elas empregam 50% e 70% de material reciclado, respectivamente.

Assimply Studio, peça da coleção "Brut" (foto: Pedro Barcellos)

Assimply Studio, peça da coleção "Nu" (foto: Pedro Barcellos)

Danilo Costillas

O designer e marceneiro Danilo Costillas, que participou da SP–Arte pela primeira vez em 2024, fundou uma marcenaria artesanal, a Casa Costillas, onde resgata o antigo ofício do marceneiro. Com um desenho autoral, desenvolve peças de mobiliário e luminárias, únicas ou em pequena escala, a partir de madeiras brutas de reuso, além de lotes de vigas e colunas resgatadas do Liceu de Artes e Ofícios, sempre pautado em explorar a variedade de madeiras brasileiras em suas cores, texturas e densidades. O olhar sensível de Danilo, ao trabalhar esta matéria carregada de memórias, emociona.

Danilo Costillas, luminária "Ninho"

Danilo Costillas, bancos "Barnabé"

Domingos Tótora

O trabalho de Domingos Tótora se destaca pelo uso de um material não convencional e sustentável: o papelão. Sua capacidade de transformar essa matéria-prima simples em peças que, ao mesmo tempo, possuem complexidade de execução e simplicidade formal, sempre fascinou. Domingos já possui um trabalho expressivo dentro e fora do Brasil, e ele é uma aposta, pois sua prática profissional mostra audácia em termos de uso e de domínio do material e da técnica — desenvolvida por ele mesmo —, e sobretudo pela transformação social que ele propõe no contexto de sua cidade, Maria da Fé, em Minas Gerais, sendo uma inspiração para as gerações presentes e futuras do design.

Domingos Tótora, escultura "Âmago"

Domingos Tótora, banco "Estrada"

Estúdio Rain

A coleção Rícino é um marco para o design brasileiro contemporâneo: ao investigar um material advindo da construção civil, o óleo de mamona, Rain desenvolveu uma resina translúcida e âmbar, e com ela criou luminárias. Não pararam de experimentar e testar aplicações. A terceira etapa do projeto, lançada no fim de 2024, apresenta novas colorações e texturas, conseguidas pela mistura da resina com outros materiais compostáveis, como pó de café, cúrcuma e alga espirulina. A busca por alternativas sustentáveis gerou resultados estéticos sólidos e surpreendentes.

Peças do Estúdio Rain

Luminárias do Estúdio Rain

Studio De La Cruz

Formado em Arquitetura pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Gabriel De La Cruz Mota não é exatamente um novato no design de produto: especializou-se em 2016 pela Escola Panamericana, de São Paulo, e já chegou a coordenar o departamento de produto de um grande escritório. Mas foi em 2023 que decidiu se concentrar no próprio estúdio e, desde então, vem criando (e assinando) produtos que unem racionalidade projetual, inteligência construtiva e harmonia estética. É o caso das mesas Alfaiate (2024): as chapas de aço inox são entregues desmontadas, em embalagem flat; uma vez encaixadas, elas ganham estabilidade ao serem fixadas com percintas. Já a cadeira Soleta (2024) explora as propriedades estruturais do couro soleta: uma única superfície deste material, dobrada, forma o encosto e dá personalidade ao móvel.

Studio De La Cruz, mesas "Alfaiate" (foto: Lucas Rosin)

Studio De La Cruz, cadeira "Soleta" (foto: Lucas Rosin)

WENTZ

Guilherme Wentz se destaca por criar móveis e objetos a partir das melhores práticas de um designer industrial. Em seu trabalho há elegância funcional, simplicidade e concisão. Além desses atributos, seu desenho tem um quê de serenidade e de softness que faz pensar em grandes nomes do design contemporâneo, como Bouroullec, Barber & Osgerby e Jasper Morrison. Com pouca idade, ele fundou sua própria marca e vem expandindo-a no mercado internacional. Lançou no fim de 2024 a coleção Objects for Silence e se prepara para mudar de endereço em São Paulo.

Peça de Guilherme Wentz

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