Editorial
Curadoria 365
Curadoria 365 : Entrevista com Raphael Fonseca
SP–Arte
13 mai 2021, 8h
Por ocasião da Curadoria 365, realizada em parceria com a plataforma Preview, a SP–Arte recebe quatro curadorias inéditas em seu site.
Conversamos aqui com o curador Raphael Fonseca, que assina a seleção “Metamorfose”.
Você pode contar um pouco sobre o que norteou sua curadoria nesta primeira edição do Curadoria 365?
RF : Qualquer seleção de trabalhos para uma curadoria virtual é um desafio; no caso especificamente do Curadoria 365, um diferencial é o fato de que o ponto de partida é o trabalho das dezenas de galerias participantes. Essas galerias têm perfis muito diferentes e inserem na plataforma apenas algumas obras. Diferentemente, portanto, da curadoria de uma exposição onde o diálogo direto com os artistas é essencial e tudo é pensado de acordo com nossos desejos e os limites dos projetos, aqui o meu olhar recebe um primeiro “filtro” que são as seleções feitas previamente pelos galeristas. Tendo em mente essa especificidade, comecei a perceber alguns pontos de diálogo entre algumas obras e optei por selecionar aquelas que vão de encontro a algo que tem me interessado nos últimos anos: o lugar da metamorfose, da transformação, de uma aparição do corpo em um estado de mudança perante o olhar do público. Como em quase tudo o que faço, foram as próprias imagens que possibilitaram esse tipo de conexão; não cheguei na plataforma e tentei “ilustrar” algum tipo de recorte prévio.
Como você enxerga a possibilidade das curadorias em plataformas virtuais?
RF : Acho que, como tenho aprendido desde o ano passado, há muitas formas de se pensar essa relação. Eu tendo a achar que as experiências com o audiovisual e os trabalhos feitos para a linguagem digital — como gifs, trabalhos em áudio, webart e afins — costumam ser mais felizes e trazer o seu caráter experimental para a própria visualização nas plataformas. É interessante ver os trabalhos fotograficamente, mas é inegável que a experiência de se ver uma pintura, escultura, desenho e mesmo uma fotografia via web não é como vê-las pessoalmente; perdemos a escala, a relação do nosso corpo com aquelas matérias, a sua relação com a arquitetura e — talvez o mais importante — não conseguimos ver como outras pessoas reagem àquele mesmo trabalho. De toda forma, em um momento em que ficar em casa segue sendo a maneira mais segura de fruir as artes visuais, as plataformas virtuais são bem-vindas, possibilitam com que pessoas no mundo inteiro vejam aqueles trabalhos gratuitamente e, em certa medida, podem até mesmo ter um caráter educativo para o público.
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