Curador do Repertório, Jacopo Crivelli Visconti antecipa novidades do segmento para a SP-Arte/2017

21 mar 2017, 11h

Uma das grandes novidades da SP-Arte em 2017 é o Repertório. Esse segmento vai apresentar artistas brasileiros e estrangeiros fundamentais para a compreensão das práticas contemporâneas em recorte cronológico – os nomes escolhidos nasceram até o final dos anos 1940, e as obras foram produzidas até o final da década de 1980.

A mostra integra a programação de eventos curados do Festival e está a cargo de Jacopo Crivelli Visconti. Na entrevista abaixo, ele fala sobre sua experiência à frente do projeto e compartilha expectativas para o evento. Confira!

 


SP-Arte: Esta é a primeira edição do Repertório. Como se deu a concepção desse trabalho? E como você articulou a curadoria?

Jacopo Crivelli Visconti: Acho que o Repertório responde a um papel quase “institucional” que a SP-Arte assumiu nos últimos anos, dentro do qual faz sentido criar um segmento como este, que foi pensado desde o começo como um espaço onde o público pudesse ou descobrir, ou aprender algo mais sobre artistas já consagrados, mas ainda não tão conhecidos como deveriam. São artistas que, a meu ver, deveriam fazer parte do “repertório” de qualquer um que se interesse por arte.

 

SP-Arte: Como o recorte cronológico (artistas nascidos até o fim dos anos 1940, obras produzidas até o final da década de 1980) foi definido?

JCV: Isso talvez tenha a ver com meu interesse pessoal por arte conceitual e os movimentos dos anos 1970 e 80, quando muitas coisas que seriam assimiladas só nas décadas seguintes começaram a ser debatidas ou questionadas. Mas no final a seleção inclui muitos artistas ativos nesses anos, cuja obra não tem um caráter conceitual, e acho que só preservando a diversidade é realmente possível entender a efervescência desses anos.

 

SP-Arte: A seleção contempla nomes brasileiros e estrangeiros. É possível estabelecer conexões entre as diferentes práticas dos artistas?

JCV: É possível, sim, e o mais interessante, a meu ver, é que essas relações podem ser feitas hoje, mas dizem respeito à obra de artistas que, na época, não se conheciam e muito provavelmente não tinham qualquer informação sobre o que estava sendo produzido em outras partes do mundo. Relações inesperadas surgem, por exemplo, da justaposição das obras pop de um pioneiro da arte povera, Pino Pascali, com as pinturas de Carlos Vergara ou com a série das máscaras de Niobe Xandó.

 

SP-Arte: Quais são as suas expectativas para o setor e para a SP-Arte/2017 como um todo?

JCV: Acredito que vai ser um setor importante, a resposta que tivemos até aqui tem sido ótima, me parece que muita gente considerava necessário criar um espaço para olhar com mais calma para a obra dos artistas dessa geração. Quanto ao evento, eu sou otimista, mas é sempre difícil fazer previsões de mercado. Por outro lado, eu prefiro olhar, como dizia antes, para o papel institucional que a SP-Arte já assumiu, ou seja, para sua importância no cenário artístico nacional. Isso me parece que a cada edição se reforça, independentemente de crises ou euforias passageiras.

 


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#sparte2017

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