"Operários de Brumadinho" (2020), Mundano (Foto: Cortesia Prefeitura de São Paulo)
Notícia

O artista Mundano cria mural em São Paulo homenageando as vítimas de Brumadinho, se baseando em obra de Tarsila do Amaral

Barbara Mastrobuono
31 jan 2020, 15h06

Neste 25 de janeiro, São Paulo ganhou uma valiosa adição à sua já extensa coleção de arte grafiti. O artista Mundano – conhecido por ações como Pimp My Carroça, na qual revitaliza carroças de catadores de recicláveis para promover visibilidade – ocupou a lateral do Edifício Minerasil, em frente ao Mercado Municipal, com “Operários de Brumadinho, mural de cinquenta metros de altura que homenageia as vítimas do atentado ecológico em Brumadinho.

Inspirado no histórico “Operários(1933), de Tarsila do Amaral, o mural é mais que uma homenagem: “’Operários de Brumadinho’ […] é um ‘monumento’ não só para os trabalhadores e operários que lá morreram, mas também para todos os proletários que passam em frente [ao grafiti] todos os dias e se identificam com a obra”, conta o artista em matéria para a Casa Vogue.

A tinta utilizada no trabalho adiciona mais uma camada à denúncia que o artista faz: foi criada a partir da lama tóxica recolhida pelo artista em visita a Brumadinho.

Essa não é a primeira vez que Mundano utiliza quadros clássicos do modernismo brasileiro para dar visibilidade a crimes ambientais: seu “Abaporupebarecria o “Abaporu(1928), também de Tarsila, em homenagem ao rio Paraopeba destruído pelo incidente causado pela Vale, em Brumadinho. A tinta utilizada foi criada a partir de lama recolhida aos pés do rio.

Acima: "Operários de Brumadinho" (2020), Mundano (Foto: Cortesia Prefeitura de São Paulo)

"Projeto Giganto", Raquel Brust (Foto: Cortesia Prefeitura de São Paulo)
"Projeto Giganto", Raquel Brust (Foto: Cortesia Prefeitura de São Paulo)

"Projeto Giganto", Raquel Brust (Foto: Cortesia Prefeitura de São Paulo)

"Projeto Giganto", Raquel Brust (Foto: Cortesia Prefeitura de São Paulo)

“Operários de Brumadinho” integra a iniciativa Museu de Arte de Rua (MAR), promovida pela Prefeitura de São Paulo. Foram espalhadas pela cidade cerca de  trinta obras de arte urbana em diversos suportes, como estêncil, grafiti e fotografia, feitas por artistas como Speto, Simone Siss, Raquel Brust e Os Tupys. A prefeitura explica ainda que a ação foi orientada por três eixos: implementação das intervenções; investimento em formação de professores e artistas para 2020; e incentivo ao mercado de arte urbana com parcerias público-privadas. Outro destaque desta edição do MAR é o projeto Giganto, no qual Raquel Brust homenageia residentes da cidade com fotografias gigantes aplicadas na paisagem. A obra está localizada sob o Minhocão. 


12

Barbara Mastrobuono é editora, tradutora e pesquisadora. Trabalhou em casas editoriais como Editora 34 e Cosac Naify, e atuou como coordenadora editorial da Pinacoteca de São Paulo. Entre os títulos que traduziu estão “Tunga, com texto de Catherine Lampert; “Poesia Viva”, de Paulo Bruscky, com texto de Antonio Sergio Bessa; e “Jogos para atores e não autores”, de Augusto Boal. Defendeu sua dissertação de mestrado pelo departamento de Teoria Literária da USP.

Perfil SP–Arte

Faça parte da comunidade SP–Arte! Somos a maior feira de arte e design da América do Sul e queremos você com a gente. Crie ou atualize o seu perfil para receber nossas newsletters e ter uma experiência personalizada em nosso site e em nossas feiras.