Editorial
Entrevista
A digitalização de casas de leilão e galerias
Caio Blanco / Marina Dias Teixeira
30 out 2019, 11h20
Cada vez mais os dados apontam para um único destino: a digitalização em todos os setores – inclusive no mercado de arte. De acordo com o Hiscox Online Art Trade Report 2019, mais Millennials (nascidos entre os anos 1980 e 1990) compraram arte no último ano por plataformas digitais, e 79% deles compraram mais de uma vez. Novos compradores do mercado de arte também estão mais engajados: 36% compraram online em 2018, um crescimento em relação ao ano anterior, quando esse número girava em torno de 31%.
Levando em conta a inevitabilidade do processo de digitalização do mercado de arte mundial, conversamos com John Peebles, vice-presidente de marketing digital da Sotheby’s – importante casa de leilão internacional – sobre a importância das ações digitais no mundo das artes visuais.
Para Peebles, é essencial que galerias e casas de leilão sejam capazes de atender seus públicos onde quer que eles estejam – e o marketing digital é uma maneira extremamente eficaz para se relacionar com esse público qualificado. “O digital oferece às casas de leilão a oportunidade de ampliar seu alcance, o que é importante para os consignatários. Com maior alcance, as casas podem, por sua vez, usar recursos online para melhorar a experiência dos compradores”, conta Peebles.
O especialista, entretanto, garante que os leilões ao vivo não deixarão de existir. Ele argumenta que a emoção de um leilão não pode ser substituída integralmente pela experiência online, mas tem certeza que o meio on e offline podem – e devem – coexistir: “as vendas online são um dos conjuntos de ferramentas que usamos para fornecer a melhor experiência possível ao cliente”, afirma.
A seguir, leia a entrevista na íntegra.
Qual o papel do marketing digital e da mídia digital no mercado de arte? Como eles podem apoiar a venda de obras?
John Peebles: A maioria das empresas vende o mesmo produto para muitas pessoas. Você certamente pode usar a mídia digital para ajudar nisso, mas plataformas como rádio e TV ainda funcionam bem nesse sentido. A mídia digital é mais adequada para vender coisas singulares para vários indivíduos, cada um deles com gostos únicos. Esse é o caso de nossos negócios globais, que oferecem todo tipo de arte e artigos de luxo a uma clientela realmente internacional. Precisamos ser capazes de atender aos diferentes públicos onde quer que eles estejam, e a mídia digital é uma maneira eficiente de apresentá-los aos nossos negócios e às obras à venda.
De que maneiras os colecionadores podem ser impactados online? Do ponto de vista do leilão, qual a importância das mídias sociais como ferramenta de promoção?
A tecnologia online cria transparência, o que é interessante para os colecionadores. Nossos clientes são diligentes em se informar sobre possíveis compras, e o mundo das informações acessíveis através de plataformas online é muito valioso para eles.
As mídias sociais são uma ferramenta importante para a indústria de leilões, pois possibilitam a divulgação de informações para pessoas interessadas muito rapidamente. Além do fato de sermos um negócio inerentemente visual, as mídias sociais possibilitam alcançar clientes novos e estabelecidos, com interesses muito específicos de colecionismo, assim como apresentá-los a novas categorias artísticas que podem ser relevantes para seus gostos.
Quais são as principais ações online que podem ser realizadas por galerias e casas de leilão para obter sucesso em suas vendas?
O digital oferece às casas de leilão a oportunidade de ampliar seu alcance, o que é importante para os consignatários. Com maior alcance, as casas podem, por sua vez, usar recursos online para melhorar a experiência dos compradores. Oferecer nossos serviços em diferentes idiomas é uma das táticas. A adição de ferramentas que facilitam o gerenciamento de lances para vários itens é outra.
Como você vê o futuro do mercado de arte na era digital? Você acha que chegará o momento em que compraremos arte apenas online? Qual é a sua opinião sobre galerias e leilões 100% digitais?
Os leilões ao vivo sempre serão uma parte importante de nossos negócios – grande parte da experiência da arte é pessoal e tátil, e a adrenalina de uma venda ao vivo não pode ser totalmente replicada. No entanto, as vendas online são uma plataforma fantástica para os colecionadores, e vemos isso crescendo, especialmente em casas de leilões respeitáveis, que trazem alcance global, uma marca reconhecida e atendimento customizado ao cliente a nível mundial.
As vendas online são um dos conjuntos de ferramentas que usamos para fornecer a melhor experiência possível ao cliente. De qualquer maneira ou lugar que nossos clientes queiram negociar com a Sotheby’s, iremos ao encontro deles e criaremos uma experiência de compra ímpar.
Acima: Ferramenta digital da Sotheby's (Foto: Divulgação)
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