"Apeshit", de The Carters, lançado de surpresa

Clipe de "Apeshit", The Carters (Foto: Reprodução)

O clipe da nova música do casal foi gravado em um do mais importantes museus do mundo: o Louvre. Assista ao vídeo e confira algumas das peças que aparecem por lá!

19 jun 2018, 9h45

No último sábado, 16 de junho, os músicos norte-americanos Beyoncé e Jay Z, ou The Carters (como se autoproclamam), lançaram de surpresa o novo álbum “Everything is love”, assim como o clipe de uma das músicas, “Apeshit”. Dirigido por Ricky Saiz e de um apuro estético extraordinário, o vídeo é inteiro montado em torno das referências artísticas de um dos maiores e mais importantes museus do mundo: o Louvre, em Paris.

No clipe, Beyoncé, Jay Z e seus bailarinos – quase todos negros – são mostrados como verdadeiras obras de arte da instituição, o que gera uma reflexão em torno do racismo na história da arte, por muito tempo restrita à perspectiva masculina e branca. O ato de dar às costas à Mona Lisa não foi colocado à toa no começo do clipe: é uma afirmação do protagonismo dos artistas em um santuário que, por muito tempo, os excluiu.

Assista ao vídeo e confira abaixo algumas das peças do museu que aparecem por lá!


Estrela do acervo do Museu do Louvre, a “Mona Lisa” de Leonardo da Vinci é exibida logo no começo do clipe. Também conhecida como “A Gioconda”, a obra retrata Lisa Gherardini, mulher do comerciante florentino Francesco del Giocondo. Segundo o site do museu, é provável que a pintura – uma das mais importantes do mestre do Renascimento italiano – tenha sido levada à França pelo próprio artista. Quem já foi ao museu sabe que este é um dos salões mais disputados do local, tornando ainda mais impressionante a cena em que Beyoncé e Jay Z ficam a sós com ela.


A escadaria em frente à famosa “Vitória de Samotrácia” é outra locação que encanta no clipe da dupla. A escultura representa a deusa grega Nice, que personifica vitória, força e velocidade. Considerada uma das obras mais relevantes da escultura helenística, teve suas partes encontradas no século XIX em um santuário da Samotrácia, na Grécia. Esta é uma peça de impressionante leveza e movimento: o tecido molhado que envolve a figura feminina é tão bem representado que até os observadores mais atentos têm dificuldade de acreditar que aquilo é feito de material maciço. O clipe brinca com isso ao se inspirar na obra para compor coreografias e figurinos dos cantores.


Provavelmente datada de 2600 a.C, “A grande esfinge de Tanis” leva a inscrição de três faraós egípcios. Considerada uma das maiores esfinges fora do Egito – são quase 5 metros de comprimento –, a peça foi encontrada em 1825 nas ruínas do templo de Amon Rá (deus do Sol), em Tanis, a capital egípcia durante duas dinastias. A obra aparece apenas ao fundo no clipe, sob uma intensa luz vermelha, mas é inconfundível.


Comissionado pelo próprio Napoleão I, o artista francês Jacques-Louis David produziu esta obra em 1807 retratando a coroação do imperador, que havia acontecido três anos antes na Catedral de Notre-Dame, em Paris. No clipe, é possível ter uma noção de suas dimensões – são cerca de 10 metros de largura e 6 de altura –, já que oito bailarinas acompanham Beyoncé em uma dança diante da obra sem ninguém extrapolar as margens do quadro. Aqui a direção de arte do clipe impressiona mais uma vez: coreografia e figurinos parecem se incorporar à pintura.


“O retrato de Madame Récamier”, mais uma peça do artista Jacques-Louis David, também aparece no clipe e traz a imagem de Juliette Récamier, esposa de um banqueiro parisiense e uma das mais famosas socialites de seu tempo. Segundo o Louvre, a pintura, em que a mulher aparece retratada com um vestido de estilo antigo e rodeada por móveis de Pompeia, da Roma antiga, pode ser considerada extremamente avant-garde para 1800, data de sua criação. Não há, no entanto, explicação porque ela nunca foi finalizada. Vai dizer que a performance do clipe realizada em frente à peça não poderia acontecer com mais frequência no museu?


Comumente considerada um ícone do Romantismo francês, a pintura “A balsa da Medusa” foi executada no início do século XIX após uma intensa pesquisa histórica conduzida pelo artista Théodore Géricault. Obcecado pelo naufrágio da Fragata de Medusa, que havia partido da França em direção ao Senegal, o artista chegou a entrevistar sobreviventes para compor a obra, que representa a esperança do resgate. No museu, ela se localiza no mesmo salão que outro quadro de grande importância, “A Liberdade guiando o povo”, de Eugène Delacroix, mas foi à pintura de Géricault que Jay Z escolheu para declamar alguns de seus versos.


Segundo o Louvre, a escultura foi encontrada em 1820, na ilha grega de Milo. Há um debate em torno de quem ela retrataria: a deusa grega do amor e da beleza Afrodite, que sempre aparece com metade do corpo nu, ou Anfitrite, deusa do mar e esposa de Poisedon – venerada no local onde foi encontrada. Uma das peças mais conhecidas do mundo, é também um exemplo da escultura helenística. Seus braços nunca foram encontrados. No clipe, a Vênus de Milo aparece sob uma forte luz azul, quase como se também fizesse parte do elenco de bailarinas.

 

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