Missão Francesa no Brasil é tema de exposição e livro do artista André Penteado

20 jul 2017, 16h48

Partir de acontecimentos marcantes da história brasileira e buscar vestígios desses eventos em lugares e pessoas do presente é o propósito do projeto “Rastros, Traços e Vestígios”, do paulista André Penteado. Como resultado da segunda fase deste trabalho, o artista lança hoje, dia 20 de julho, a exposição individual “Missão Francesa”, que resgata reminiscências do grupo de artistas que desembarcou no país no começo do século XIX. Com texto crítico de Moacir dos Anjos, a mostra fica em cartaz até 16 de agosto, na Zipper Galeria.

Em “Missão Francesa”, Penteado registrou lugares que pudessem conter rastros dessa época, como o Museu Nacional de Belas Artes e o Solar Grandjean de Montigny, ambos no Rio de Janeiro. Ele também fotografou personagens que, de alguma forma, estão conectados com o acontecimento, entre eles alunos e professores da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Trabalho a Missão Francesa como o início da educação formal de arte no país. Quero refletir sobre a ideia comumente difundida no Brasil de que precisamos copiar um modelo externo para resolver nossos problemas”, afirma o artista.

Entre os destaques, a exposição reproduz um texto de Joachim Lebreton, artista que liderou a Missão Francesa no Brasil. Resgatado em 1959, o documento foi traduzido do original em francês e publicado na revista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) pelo historiador Mário Barata. O registro, que traça um plano de trabalho para o ensino de belas-artes no país, é disposto na íntegra na exposição.

A mostra traz 15 obras do projeto cujo repertório completo está disponível em um livro homônimo, com 90 registros ao todo. Além de uma pesquisa prévia de lugares e pessoas, assim como um minucioso trabalho de campo, o artista destaca a dificuldade de edição do material que reuniu por volta de 3 mil cliques diferentes. “É difícil conseguir dar sentido a isso, não saio com um plano completamente definido. Acabo me deparando com histórias que se apresentam”, conta. Penteado relembra o momento, por exemplo, que ao andar pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, se deparou com um edifício chamado Grandjean de Montigny, principal arquiteto da Missão Francesa no Brasil. Espaços e pessoas ligadas ao local, como o porteiro do edifício, acabaram incorporados ao projeto.

A publicação é divida em três partes. “Começo com uma composição caótica desses vestígios em lugares que visitei. Depois, trago o plano de Lebreton, em 23 páginas com papel diferenciado e, por fim, reúno imagens de alunos e professores da Academia de Belas Artes. É minha reflexão final sobre esse desejo de ser artista”, afirma. “Missão Francesa”, publicado pela Editora Madalena, será lançado na SP-Arte/Foto/2017, aberta ao público de 24 a 27 de agosto, no Shopping JK Iguatemi.

“Rastros, Traços e Vestígios”

Além de “Missão Francesa”, o projeto “Rastros, Traços e Vestígios” é composto também por “Cabanagem”, trabalho divulgado em 2015, relacionado à revolta no Pará durante o período regencial brasileiro. Penteado afirma que se despertou para o assunto em 2013, quando manifestações insurgiram em todo o país. “Me interessei pelas histórias de revoluções que tomaram o poder. Queria entender que imagens sobraram disso”, conta. O artista já trabalha na próxima fase do projeto, sobre a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Dois outros temas servirão ainda de inspiração para etapas futuras: a chegada dos portugueses às terras tupiniquins e a independência do Brasil.

Apesar de reconhecer a proximidade entre os trabalhos do historiador e do fotógrafo – ambos lidam com registros do real –, Penteado deixa claro que não tem a pretensão de explicar ou fazer um registro histórico de seus achados. “Como artista, não tenho a pretensão de educar, quero apenas tentar comunicar a sensação que tenho ao me deparar com esses vestígios, demonstrar certos sentimentos”, afirma. Isso não exclui a racionalidade de seu fazer artístico, no entanto. “Tenho muito raciocínio no meu processo de trabalho, mas ele não é didático. Não sou um historiador, nem um um documentarista”, afirma.

Missão Francesa
Zipper Galeria
R. Estados Unidos, 1494, Jd. America – São Paulo
De 20 de julho a 16 de agosto

Lançamento do livro
SP-Arte/Foto/2017
26 de agosto, às 18h
Shopping JK Iguatemi

Confira aqui outras exposições em cartaz no mês de julho em São Paulo e no Rio de Janeiro.

#respirearte

 

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